Seguindo em constante crescente, o contingente de famílias que afirmaram ter dívidas no mês de julho alcançou a marca de 71,4%, registrando o maior patamar da série histórica, iniciada em 2010. Em comparação com o mês de junho, a taxa sofreu elevação de 1,7% e de 4 pontos em relação ao mesmo período do ano passado. O percentual é o maior acréscimo anual verificado desde dezembro de 2019. Os dados foram indicados na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), disponibilizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ontem (5).
As famílias que possuem débitos em atraso chegaram a 25,6%, evidenciando o terceiro aumento seguido. O montante é 0,5% maior do que o indicado em junho, porém o percentual é 0,7% menor do que o apurado em julho de 2020. As dívidas incluídas na pesquisa são as de cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa. Além disso, as famílias que relataram não ter condições de pagar suas contas em atraso e que irão continuar inadimplentes cresceram 0,1% e chegaram a 10,9% em julho.
Já o tempo médio de retardo para pagamento dos débitos ficou em quase 62 dias em julho.
O maior número de dívidas das famílias é no cartão de crédito, meio mais assinalado pelos endividados, atingindo 82,7%, a maior percentagem da série histórica. A modalidade é seguida pelos carnês de loja que foram apontados por 18% das famílias e pelas dívidas com crédito pessoal e financiamentos da casa própria, indicados por 9,8% e 9,7% dos entrevistados, respectivamente.
Renda
Na separação dos grupos de renda, o endividamento entre as famílias que recebem até dez salários mínimos cresceu 1,9% e atingiu o total de 72,6% no último mês, o índice atingiu a nova máxima histórica. No mesmo período do ano passado, a percentagem estava em 69% dos grupos familiares. A inadimplência também registrou alta e saltou de 28,1% para 28,7% e 13,1% do total afirmaram que vão permanecer com as contas em atraso.
Entre o coletivo que possui renda acima de dez salários mínimos, o endividamento continua em crescimento desde fevereiro. O índice passou de 65,5% para 66,3% em julho, em relação ao mesmo momento de 2020 o percentual cresceu 7,2%. O número de inadimplentes no grupo também cresceu e atingiu 12,1% no mês e, desse total, 3,5% disseram que não têm condições de acertar os débitos. O conjunto dos muitos endividados registrou leve redução em julho e alcançou 14,6%.
Inflação
De acordo com a nota do CNC, a alta inflação tem causado a redução do poder de compra das famílias e a deterioração dos orçamentos domésticos. “A renda dos consumidores também está afetada pelas fragilidades dos mercados de trabalho formal e informal, com o auxílio emergencial de menor valor pago este ano. Tais fatores têm também provocado o maior uso do crédito no cartão”, disse o presidente da CNC, José Roberto Tadros, no boletim.
A instituição ainda alerta que o uso do cartão de crédito é a modalidade mais difundida, contudo é que possui o maior custo ao consumidor quando se torna crédito rotativo. “Embora o crédito possa funcionar como ferramenta de recomposição da renda e potencializar o consumo, com mais de 71% das famílias endividadas, acendeu-se um alerta para o uso do crédito e o potencial de crescimento da inadimplência à frente”, explica o boletim.
O Estado Ce