O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro chamou atenção ao divulgar uma arte para anunciar sua entrada na política. O material, com informações sobre seu ato de filiação ao Podemos, traz estampada a frase "Um Brasil justo para todos" — a mesma usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2016, durante movimento que defendia sua inocência frente às investigações da Operação Lava Jato.
A campanha “Um Brasil Justo pra Todos e pra Lula” foi lançada em novembro de 2016 e, segundo o portal do PT, propunha um “esforço nacional e internacional de defesa da democracia, do Estado de Direito e do ex-presidente Lula”.
“Todos nós, que condenamos veementemente a corrupção, não podemos aceitar que o combate a esse grande mal dê vazão a outros seríssimos desvios. Não toleramos a criminalização dos movimentos sociais, os excessos e desmandos de setores do Judiciário, a institucionalização dos vazamentos para a imprensa de depoimentos que deveriam ser sigilosos, as prisões preventivas que se transformam em permanentes, as ações violentas das PMs contras as manifestações e os jovens nas periferias, e tantos outros que atemorizam quem não perde seu apreço pela democracia”, afirmava o texto da campanha.
Cinco meses depois do lançamento desta campanha, Sérgio Moro decretou a prisão do ex-presidente em primeira instância por corrupção e lavagem de dinheiro, a qual só viria a se concretizar em abril de 2018. Depois de 580 dias preso, Lula foi solto em 8 de novembro de 2019, após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a legalidade da prisão de condenados em segunda instância.
Em março de 2021, o relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, anulou todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, antes conduzida por Moro, em quatro processos contra Lula, por entender que a Justiça de Curitiba não tem competência em relação ao caso. Com a decisão, o petista recuperou seus direitos políticos.
No mesmo mês, a Segunda Turma do STF decidiu que o ex-juiz Sérgio Moro foi parcial ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá, um dos casos investigados na Lava Jato.
Candidatura de Moro
Moro retornou ao Brasil na última quarta-feira, 3, para firmar sua filiação ao Podemos. O ato ocorre no próximo dia 10, em Brasília, com transmissão pelos perfis do partido nas redes sociais. O Podemos considera lançar a candidatura do ex-ministro ao Senado ou ao Palácio do Planalto.
Na disputa à Presidência da República, Moro tenta se consolidar com o nome da "terceira via" ao ex-presidente Lula e ao presidente Jair Bolsonaro, que lideram nas pesquisas de intenção de voto. Nesses mesmos levantamentos, o ex-ministro disputa o terceiro lugar com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.
Moro ganhou popularidade pelo seu trabalho à frente da Operação Lava Jato e, depois, como ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Bolsonaro.
Ele deixou a pasta em abril de 2020, depois de acusar o presidente de tentar interferir na direção da Polícia Federal. Em seguida, Moro se mudou para os Estados Unidos, onde passou a trabalhar como consultor de uma empresa jurídica.
Ao voltar para o Brasil, o ex-ministro foi recebido com xingamentos e protestos ao desembarcar no aeroporto de Brasília.
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