Em reunião com a presença de todos dirigentes estaduais do PL, Valdemar da Costa Neto articulou uma carta branca do partido para poder negociar com Jair Bolsonaro sua filiação à legenda. Na prática, o encontro respalda o dirigente a rever acordos que estavam sendo feitos com partidos nos estados e reabre o caminho para a entrada do chefe do Executivo.
Bolsonaro chegou a anunciar que estava 99% fechado com o PL, mas depois a sua filiação, que ocorreria no próximo dia 22, foi adiada por divergências em palanques estaduais, em especial em São Paulo. Valdemar antecipou que terá que discutir o apoio do partido ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB-SP), que quer entrar na disputa pelo Governo do Estado de São Paulo em 2022. A pessoas próximas, o presidente do PL indicou que fará em São Paulo o que for necessário para que Bolsonaro entre no partido. O apoio da sigla a Garcia, próximo do governador João Doria (PSDB-SP), é um dos principais entraves para a entrada do mandatário na sigla, conforme o próprio afirmou em Dubai.
Os senadores Wellington Fagundes (PL-MT) e Jorginho Mello (PL-SC), que participaram do encontro entre dirigentes estaduais do partido, falaram a jornalistas sobre o ocorrido antes do encerramento da reunião. “O partido está dando ao presidente Valdemar carta branca para acertar com o presidente Bolsonaro todas as arestas e possibilidades que tenha em qualquer canto do Brasil”, disse Mello, em frente à sede nacional do PL em Brasília.
Enquanto Jorginho Mello afirmou categoricamente que o partido estará alinhado ao projeto de Bolsonaro em todos os Estados e que não fará coligação com partidos de esquerda, Fagundes foi menos incisivo. O senador do Mato Grosso disse que “dificilmente” a sigla estará com partidos de esquerda, mas que cada região será analisada por Valdemar com Bolsonaro. “É muito claro: caso a caso. O partido autorizou o presidente Valdemar. E, claro, o presidente Valdemar nunca tomou decisões isoladas. Todas as vezes foram consultadas. Estado por estado e município por município”, afirmou. Ainda que os dois sejam apoiadores de Bolsonaro, a carta-branca teve o respaldo de todos os dirigentes estaduais.
O cálculo de Valdemar é pragmático. Nesta semana, a um interlocutor, ele exemplificou: disse que apenas um deputado de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, teve um milhão de votos, e afirmou que ele não abrirá mão desse potencial de votação e da chance de ampliar a bancada. Hoje o PL tem 43 deputados e, com a chegada de Bolsonaro, Valdemar quer alcançar uma bancada de no mínimo 65 parlamentares.