O caso do estudante que precisava subir em uma mangueira para ter sinal de internet e, assim, acompanhar as aulas online, foi um retrato da desigualdade da educação brasileira. Felizmente, o paraense Artur Ribeiro Mesquita agora pode estudar com menos dificuldades. O estudante de 16 anos está no formato híbrido de aprendizagem: uma semana vai à escola e, quando em casa, acompanha o conteúdo pelo celular ou computador, equipamento doado para a acessibilidade em zonas rurais.
O caso foi veiculado em março de 2021. Na época, o garoto morador de Alenquer, no oeste do Pará, chegou a construir um suporte com tábuas para se sentar e apoiar o celular em cima da árvore, onde a conexão da internet móvel é melhor. A família do jovem mora em uma comunidade conhecida como Estrada do Sena, que fica a cerca de 17 km do centro de Alenquer.
"O ensino ficou prejudicado, mas, com o tempo, ganhei internet em casa e ficou melhor. Agora, posso estudar dentro de casa. Antes, só pegava sinal lá na árvore", contou Artur ao portal G1. O jovem passa uma semana morando em uma casa alugada na cidade para ir à escola. Na semana seguinte, o jovem acompanha o conteúdo de forma remota.
Artur também tem dois irmãos surdos. A mãe dos jovens, a agricultora Lúcia Ribeiro, revelou que enfrentou dificuldades para que os filhos não tivessem prejuízos nas aulas. Após uma exaustiva procura por uma escola com professores que sabiam lecionar em Libras, a mãe ainda precisou criar estratégias para que os dois filhos acompanhassem as aulas pelo telefone.
"Eles também tinham dificuldade de acompanhar as aulas, pois tinham que subir na árvore, aí o sinal era ruim. Também tinha chuva ou tinham que ir para cidade", relatou.
Segundo levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a falta de computadores, de celulares e de acesso à internet em casa foram um dos principais problemas encontrados no ensino remoto. Segundo a pesquisa, 93% das escolas municipais e 95% das estaduais relataram dificuldades. Nas particulares, o número cai para 58%
O POVO