Formado em medicina, filho de cortador de cana diz o que vai fazer com o primeiro salário de médico: 'Tirar o meu pai do corte de cana'

Blog do  Amaury Alencar
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Filho de cortador de cana, Wellington Gomes, de 29 anos, realizou o sonho de se formar em medicina em novembro deste ano. Ao ser questionado sobre o que faria com o seu primeiro salário, ele não hesitou na resposta: “Tirar o meu pai do corte de cana”, disse ao g1, durante entrevista neste sábado (18).

Após pegar o registro profissional do Conselho Regional de Medicina (CRM) em 26 de novembro mês, Wellington participou da solenidade de colação de grau em 13 de dezembro. Ele saiu da zona rural de Ribeirão, na Zona da Mata Sul do estado, para estudar medicina no Recife. Após perder a mãe, trabalhou cortando cana-de-açúcar, assim como o pai.

Antes de entrar na faculdade de medicina, Wellington pedalava 24 quilômetros para ir e mais 24 para voltar da escola, pois o transporte não chegava até o engenho onde ele morava com a família. Para ele, cada quilômetro percorrido valeu a pena.

"O caminho para chegar até aqui foi muito difícil, árduo, doloroso. Parecia impossível, mas, com trabalho duro, dedicação, persistência e disciplina, você consegue transpor as barreiras que podem parecer impossíveis. O meu conselho é: persista. Não desista dos seus sonhos", disse.

Realizando vários plantões como médico, ele continua se esforçando para conseguir mudar a vida da família e passou a trabalhar em Ribeirão, Gameleira e Primavera, além de atender em Barreiros. Wellington quer cumprir a promessa que fez ao pai quando ainda pedalava a bicicleta que ganhou em um sorteio.

"O que eu quero fazer é tirar o meu pai do corte de cana. Desde sempre, quando eu ainda vinha do engenho de bicicleta, tinha prometido para ele que iria fazer isso e, com certeza, vou fazer. Eu estou correndo aqui, dando um monte de plantões, para tirá-lo no próximo mês já, quando eu receber. A partir de janeiro, as mudanças vão ser significativas", contou.

Após três anos tentando entrar no curso de medicina, ele foi aprovado, em 2016, na Faculdade Pernambucana da Saúde (FPS), por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni). Os livros custavam caro e foram custeados com a ajuda de colegas e parentes destes. 

                                                             (Do G1-PE)

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