PSDB e MDB com reduzidos espaços nas sucessões presidencial e estadual

Blog do  Amaury Alencar
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Arte: Divulgação.



Na formação das alianças municipais em 2020, em Fortaleza, o governador Camilo Santana pediu ao ex-senador Eunício Oliveira, que não deixasse o MDB da Capital (Eunício é presidente do diretório estadual), naquelas eleições, coligar-se com o PROS do deputado federal e candidato a prefeito na época, Capitão Wagner. E foi atendido. O MDB poderia até ter ido para a coligação da petista, deputada federal Luizianne Lins, também candidata à Prefeitura naquele pleito, mas ela não teve interesse, talvez pelo protagonismo do MDB nacional no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, à época ainda bem recente.

A relação pessoal entre o governador Camilo e Eunício continua a mesma. Pedido idêntico pode ser repetido na disputa deste ano, com grandes chances de novamente ser atendido, mesmo sendo o candidato a governador Roberto Cláudio, o ex-prefeito de Fortaleza, que o ex-senador responsabiliza como um dos responsáveis pela sua derrota na disputa de um novo mandato de senador. Eunício perdeu a eleição para Eduardo Girão, o candidato do Capitão Wagner, hoje o nome do presidente Bolsonaro para concorrer ao Governo do Estado. O dirigente estadual do MDB propaga que votará em Lula, mesmo o seu partido tendo um nome para disputar a vaga de presidente da República, a senadora Simone Tebet. Camilo pode alegar essa situação para fortalecer o seu pedido a Eunício, padrinho de alguns empregados por Camilo no Governo do Ceará.

Neutralizar o MDB na sucessão estadual é importante para o candidato que Camilo apoiará para o Governo do Estado. E a importância dessa neutralização reside unicamente no fato de o tempo de rádio e televisão do partido não ser destinado a servir ao seu principal adversário. A situação atual do MDB, de ser atraente para alianças no Ceará somente pelo seu espaço no horário da propaganda eleitoral, não é privilégio dele. O PSDB, outrora o maior partido do Ceará, hoje também só vale no nosso Estado, para composições eleitorais, pela sua parte no horário da propaganda eleitoral. As duas agremiações não têm mais lideranças que possam motivar os eleitores a seguirem-nas votando nesse ou naquele candidato. Ambas, também, não têm quadros para disputas majoritárias que as façam protagonistas nas disputas.

O caminho natural dos liderados do senador Tasso Jereissati, na sucessão estadual  deste ano, é o do apoio ao candidato do PDT, referendado pelo governador Camilo Santana. Os tucanos são contra o PT e mais ainda, agora, ao grupo comandado pelo presidente Jair Bolsonaro, daí só lhes restarem a opção pedetista. O histórico da relação política do senador Tasso com o deputado Capitão Wagner já era por si só, motivo de os dois ficarem distantes na campanha deste ano. Agora que Wagner assume ser o provável candidato de Bolsonaro ao Governo do Ceará, aí é que aumenta o distanciamento entre eles e leva o senador para o principal adversário do seu ex-aliado (a última campanha de Tasso junto com o Capitão Wagner foi em 2018).

É possível que alguns tucanos cearenses experimentem uma certa frustração com o momento de decadência do partido no cenário nacional, também. A última campanha presidencial, em 2018, já produziu um resultado muito negativo para o partido. Naquele ano, a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, hoje já não mais no PSDB, foi numericamente decepcionante. E agora a candidatura do governador de São Paulo, João Doria, está, por questões internas, levando o partido para um outro resultado desastroso. Tasso foi contra a candidatura de Doria. Ele queria como candidato do partido o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, mas Doria venceu as prévias. E Tasso, talvez pela derrota de Leite, não fez a mobilização do tucanato cearense e nem as visitas ao Interior do Ceará para motivar a todos a terem um partido vivo nas eleições deste ano.

Assim, como está havendo uma polarização da disputa presidencial, segundo os registros das pesquisas eleitorais, a sucessão no Ceará também será polarizada, e ambas, a nacional e a estadual, não têm o concurso dessas duas agremiações, exatamente por terem perdido espaços significativos no cenário nacional e, sobretudo no local, onde mais cedo passaram de protagonistas a coadjuvantes.


                         Jornalista Edison Silva 

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