Não teve Carnaval em Aracati este ano, mas, com o relaxamento de regras de isolamento social, a Prefeitura do município confirmou na última quinta-feira, 10, a realização do “Paixão no Aracati”. O evento de grande porte contará com a participação de artistas famosos como Zé Vaqueiro, Matheus Fernandes, Léo Santana, entre outros. O anúncio da festa provocou indignação na Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Paróquia Santo Antônio. Juntas, as duas lançaram nota de repúdio, onde manifestam contrariedade à realização do megaevento e consideram a intitulação “A melhor Semana Santa no Estado” como apelativa. No Facebook, o prefeito Bismarck Maia anunciou: "Se não teve Carnaval terá super Semana Santa".
Além disso, o documento afirma que os termos “Paixão no Aracati” e “a melhor Semana Santa no Estado” ferem “a sensibilidade religiosa do povo cristão (católicos e evangélicos) não só de Aracati, mas de modo geral, já que a data e os termos simbolizam aos cristãos o centro celebrativo da fé, um tempo de forte teor religioso e reflexivo”. No trecho também é feito referência a pessoas que não possuem religião, que até mesmo estas, usam o momento para fazer reflexões.
Outro ponto que preocupa a Igreja é o respeito quanto aos horários e aos templos religiosos que “precisam realizar suas liturgias em horários pré-fixados por norma litúrgica, não sendo possíveis adaptações de horário nem sequer cancelamento das celebrações”. O palco será montado em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. No texto diz ainda que essas celebrações religiosas fazem parte da tradição do município, marcado pela religiosidade.
Os padres que assinaram a nota — Antônio Ronaldo, Djavan da Silva e Israel Alison — dizem que muitas famílias em situação de miséria vão à procura deles e “causa-nos indignação que uma festa dessa magnitude aconteça em tempos de crise, fome e miséria para nossa população”.
Eles afirmam ainda que é gasto muito dinheiro público com eventos secundários, “enquanto se evidencia a precarização e até inexistência de políticas públicas que minimamente possam sanar tal situação de miséria”.
Eles esperam que o poder público municipal faça uso de outros termos para suas propagandas e a garantia por escrito “o respeito e a salvaguarda de dias, horários e locais para as celebrações religiosas”, assim como a priorização de políticas públicas que assegurem a vida e a dignidade do povo de Aracati.
O POVO