A educação recebida foi tão inspiradora que fez a jovem Nailde ter o desejo de também ensinar. O sonho foi realizado quando ela começou a dar aulas nas séries iniciais do Colégio Agapito dos Santos. Mas foi cursando Direito, na Universidade Federal do Ceará (UFC), que ela encontrou o seu propósito de vida. "No decorrer desse curso, eu trabalhei [como escrevente] no Cartório Miranda Bezerra. Foi ali, trabalhando com processos e participando de audiências, que fui me encantando com o tema. Aquilo me inspirou a prosseguir estudando para ser magistrada. Para isso, eu tive que reforçar os meus estudos. Passei a trabalhar durante o dia, e estudava até alta hora da noite", revela.
Após aprovação no concurso do TJCE, mais que atender cidadãos que possuíam processos judiciais – dedicando tempo e escuta –, a magistrada sempre buscou se aproximar das pessoas no exercício da sua atividade profissional, principalmente daquelas em situação de vulnerabilidade social. “Olhar o outro como irmão, estender sempre a mão, e se colocar na situação do outro”, ressalta Nailde Pinheiro, que ingressou na magistratura cearense em 1986, atuando nas comarcas de Marco, Jucás, Icó e Fortaleza.
Um detalhe que só os mais próximos à magistrada conhecem é que até hoje ela guarda a caneta com a qual assinou o primeiro termo de posse. "No dia em que assumi a magistratura, assinei com essa caneta que eu ganhei do Dr. Cláudio, que hoje é o titular da 4ª zona, e da Dra. Elenir. A partir daí todas as minhas conquistas que eu tive que assinar, aquela caneta sempre esteve comigo. Ela vem me acompanhando nesses 35 anos no Judiciário cearense", revela.
Eleita em 2009 a desembargadora do TJCE, Nailde Pinheiro se tornou referência na condução de importantes momentos para a sociedade cearense. Um dos destaque foi o período em que presidiu o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), de 2017 a 2019, sendo responsável por preparar e conduzir o processo das eleições gerais de 2018, marcado pelas notícias falsas.
"Nós tivemos que em pouco tempo estudar aquele assunto, sem esquecer da conscientização ao eleitor do voto responsável, trabalhamos com a Escola Judiciária Eleitoral essa conscientização, principalmente o eleitor jovem na faixa etária de 16 a 18 anos. Esse trabalho foi muito bem posto nas escolas e nas comunidades. Trabalhamos muito também a credibilidade da urna eletrônica. Acredito que todo aquele trabalho planejado foi executado. Chegamos a um patamar de poucas denúncias aqui no Ceará, diferente de outros estados", avalia.
Em 2019, Nailde Pinheiro assumiu o cargo de vice-presidente do TJCE, atuando como supervisora, no âmbito do 2º grau, do Núcleo de Auxílio à Produtividade e do Núcleo de Qualificação do Acervo. “Sempre fui aquela pessoa que costuma abraçar todas as missões a mim ofertadas. Assim, não senti dificuldade em ter acesso ao Tribunal de Justiça. No ano de 2019 fui escolhida a desembargadora do TJCE, e a partir daí recebi novos desafios”, evidencia.
Segundo ela, foi um período também marcado pelo trabalho junto às conciliações e mediações. “O CNJ [Conselho Nacional de Justiça] buscava dos tribunais um maior incremento nessa política da conciliação. Eu me identifiquei muito com isso. Trabalhei muito no 2° grau. E na gestão agora não tem sido diferente”, reforça. |