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| O ministro Milton Ribeiro e o pastor Gilmar Santos, em culto evangélico (Foto: Reprodução/Rede social) |
Um dos pastores envolvidos no escândalo da liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC) por meio de pagamento de propina, Gilmar Santos investiu quase meio milhão de reais para criar duas empresas, abertas há duas semanas.
No mesmo dia, 8 de março, ele abriu uma faculdade em Goiânia, com aporte inicial de R$ 100 mil, e registrou uma editora na cidade vizinha de Aparecida de Goiânia, com capital de R$ 350 mil.
Na quarta-feira (23), dois prefeitos afirmaram ao jornal O Globo que Santos e outro pastor evangélico, Arilton Moura, pediram quantias em dinheiro e até a compra de Bíblias em troca de agilizar os repasses aos municípios. Já à Folha de S. Paulo, um prefeito disse que pediram 1kg de ouro pela liberação de verbas do MEC.
A informação do recente investimento de Gilmar Santos nas cidades goianas também é do O Globo.
Uma equipe do jornal esteve nos dois endereços das empresas que constam nos documentos protocolados na Junta Comercial de Goiás.
Tanto a faculdade quanto a editora foram registradas em sedes da Assembleia de Deus Cristo Para Todos, igreja comandada por Santos e da qual Moura também faz parte. Nos dois casos, não há sinal de que os locais sirvam para outras atividades além dos cultos religiosos, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (25).
Em Goiânia, o templo funciona em um prédio de três andares que atualmente está em obras (na fase de concretar as paredes), cercado por duas casas grandes e muradas. O templo central, que foi visitado pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, no fim do ano passado, fica bem em frente das três estruturas.
Segundo vizinhos que frequentam a igreja, a obra começou há três anos e foi paralisada por falta de dinheiro durante a pandemia. Em vídeos publicados em 2021, o pastor aparece pedindo dinheiro aos fiéis para comprar ferragens para as escadas e concluir a construção do telhado — nas imagens, ele balança um papel com orçamento das obras.
A nova estrutura, de acordo com os fiéis ouvidos pelos repórteres do O Globo em caráter reservado, é onde o pastor pretende instalar a Faculdade ITCT, sigla para Instituto Teológico Cristo para Todos.
A sede em Aparecida de Goiânia, destaca a reportagem, é mais modesta. No endereço onde a nova editora de Santos foi registrada existe apenas um galpão, pintado de azul, com o nome da igreja e uma foto do religioso na fachada.
Santos já tinha uma editora, criada em 2013, no mesmo endereço da igreja em Goiânia, registrada como Editora e Publicadora Cristo para Todos Ltda. O capital social desta empresa é de R$ 110 mil. A nova, criada há duas semanas com o triplo do valor, tem CNPJ diferente, mas nome quase idêntico: Editora Cristo para Todos Limitada.
Além de fundador da Assembleia de Deus Cristo Para Todos, Santos é diretor da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus do Brasil.
Fonte: O Tempo