Como parte das comemorações dos 296 anos de Fortaleza, a Prefeitura Municipal e a Secretaria Municipal da Cultura (Secultfor) disponibilizaram a exposição que narra a vida e a obra da pintora cearense “Sinhá D’amora”, que está em cartaz na BenficArte, no Shopping Benfica. A mostra é uma forma de promover o resguardo de bens patrimoniais.
Natural de Lavras da Mangabeira, Ceará, Fideralina Correia de Amora Maciel, conhecida como “Sinhá D’amora”, foi uma importante artista plástica, tendo sido diversas vezes contemplada com prêmios e exposições em importantes salões e concursos nacionais e internacionais. Antes de falecer, Sinhá D’amora presenteou o município de Fortaleza com parte de seus materiais.
No acervo que está sendo exposto na BenficArte, o público poderá contemplar gratuitamente 14 obras restauradas, além de 22 medalhas, um troféu, um diploma, dois álbuns de fotografias de seu acervo pessoal e retratos pintados por amigos artistas como Vicente Leite, Oswaldo Teixeira e Francisca Azevedo Leão. “É importante frisar a atuação de Sinhá D’amora no cenário das artes cearenses, predominantemente masculino. O trabalho da artista constituiu, portanto, um furo em uma lógica estrutural consolidada e que até os dias de hoje é objeto de nosso esforço para superar.
Compreende-se também, o lugar social ocupado pela artista, dados os padrões da época, a participação de mulheres, quando minimamente era evidenciada, dizia respeito a mulheres que ocupavam lugares sociais mais privilegiados. A artista, portanto, para além do legado de sua obra, foi fundamental na mudança dos paradigmas da arte no Ceará, na lógica da inclusão”, afirma Diego Zaranza, coordenador de patrimônio histórico-cultural da Secultfor.
De acordo com ele, falar sobre Sinhá D’amora é, também, uma forma de contribuir para a preservação da cultura regional, visto que a artista manifestou em suas obras a sua vivência do povo nordestino. “Principalmente quando busca lembranças remanescentes do seu passado fazendo um recorte das lembranças da sua infância e dos primeiros traços do desenho em Lavras da Mangabeira. Por conta dessas memórias imagéticas, a artista busca materializar na figura pictórica aspectos sociais, culturais, étnicos e estéticos do povo nordestino”, detalha.
Em 2019, um memorial à artista Sinhá D’Amora foi montado no Centro Cultural Casa do Barão de Camocim e a exposição atual é parte dos materiais que estavam lá. De acordo com o coordenador de patrimônio histórico-cultural da Secult, o acervo de Camocim foi recolhido e transformado em exposição virtual para a melhor apreciação do público em geral.
Zaranza relata ainda, que as obras foram restauradas por estudantes da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho em 2019. Para ele, criar uma exposição em um momento no qual preparam-se as comemorações para os 296 anos de Fortaleza é extremamente relevante, pois a trajetória de Sinhá D’amora “ultrapassou fronteiras, desbravando o mundo ao levar o nome do Ceará”.
Por Yasmim Rodrigues