O discurso de Ciro Gomes (PDT) na convenção do PDT que lançou Roberto Cláudio (PDT) a governador foi dura contra o ex-governador Camilo Santana (PT). Ciro em alguns momentos citou o petista explicitamente, ao mencionar o trabalho para elegê-lo em 2014. Em outras situações, fez alusões sem dizer o nome de Camilo.
"O nosso povo não tem culpa da vaidade e da prepotência de lideranças que, uma vez construídas nessa luta e ao redor desse projeto, agora servem por uma ninharia, por um punhado de nada ou um carguinho de ministro e desertam da humildade e da luta do povo." Ciro já havia falado que Camilo teria mudado de posição por receber oferta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser ministro, se o partido vencer a eleição presidencial.
"Frequentam os caminhos de Judas", disse Ciro. "Mas até Jesus, o nosso senhor, filho de Deus, entre 12 amigos apenas, teve um que lhe empurrou a faca beijando seu rosto. Quanto mais um pobre pecador humilde como eu", completou o candidato do PDT a presidente.
Ciro fez rápida menção aos conflitos entre aliados, disse que não comentaria o conflito com os próprios irmãos e pediu humildade. Ele ainda questionou se o atual ciclo político é mesmo tão bom assim. "Se nós fôssemos assim esse abacaterol todo, se nós fôssemos esses danadões todos, porque nosso principal oponente lidera as pesquisas?", indagou.
Disse ainda: "Políticos importantes, baixa um pouquinho a crista, bota um pouquinho o pé no chão, calça a sandália da humildade."
Ele comentou os atritos entre os aliados e na própria família. "Todo mundo tá vendo a fuxicalhada que está nos jornais." E acrescentou: "Eu não comento assunto de família pelos jornais."
Um dos recados mais diretos a Camilo foi ao lembrar a passagem pelo governo. "Eu, tendo sido o governador mais popular do Brasil na minha época, pelo carinho do povo, eu nunca mais pedi de volta o poder do Ceará para mim."
Ciro disse que abriu espaço a uma nova geração, "que pensasse mais no povo que na sua ambição, que na sua vaidade, na sua prepotência e na sua arrogância."
Ele lembrou da própria eleição como governador, em 1990. Conforme relatou, havia acordo para lançar Sérgio Machado. Mas, conforme apontou, quando foram aferir a percepção do povo, havia rejeição a Sérgio. E se decidiu que Ciro renunciaria à Prefeitura de Fortaleza no segundo ano de gestão para concorrer a governador.
o Povo