Realizada na manhã desta quinta-feira, 13, a consulta pública para o processo de criação do Parque Estadual do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, no Município do Crato. O evento foi realizado no auditório da sede do
Geopark Araripe e contou com a presença de pesquisadores, ambientalistas, secretários municipais de meio ambiente e cultura, a diretoria do Geopark Araripe, coordenação do ICMBio, Comitê da Sub Bacia Hidrográfica do Rio Salgado, Secretaria de Meio Ambiente do Estado (SEMA), entre outros órgãos que estarão acompanhando os procedimentos para a criação da Unidade de Conservação.
Esse trabalho está com a coordenação geral do Professor Edmar Pinheiro, da Universidade Regional do Cariri, além de técnicos e professores da universidade que compõem a equipe de trabalho. Junto com o Parque que está sendo criado, mais quatro estão em andamento, como o da Estátua de Santo Antônio – Barbalha; Riacho do Meio – Barbalha; Boqueirão de Lavras – Lavras da Mangabeira e Vale dos Buritis, em Santana do Cariri. O do Horto do Padre Cícero – Juazeiro do Norte, foi criado mais recentemente. Em Crato, uma unidade também foi criada, a do Riacho da Marinha, localizado no interior do Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti.
Público participa do processo de criação
O auditório do Geopark Araripe contou com a presença de pelo menos 120 pessoas, entre estudantes, pesquisadores, técnicos, ambientalistas, historiadores e autoridades locais. A abertura foi realizada pelo Reitor da URCA, Professor Lima Júnior. Inicialmente ele destacou a importância do trabalho da equipe para a criação das unidades de conservação no Cariri, como um avanço da política de valorização do patrimônio. “Quando a gente fala de patrimônio, temos que tratar de uma agenda complexa, com toda a diversidade, diante dos aspectos natural, histórico e cultural, e todos eles convergem para a construção de uma identidade de território”, explica.
Outro ponto é a transversalidade do patrimônio territorial do Araripe, como é o caso do Caldeirão, que envolve o reconhecimento de um espaço natural, peculiar, que é o território do Caldeirão, que pode acomodar uma população e estabelecer um modo de produção particular e histórico. Segundo o Reitor, é necessária uma política pública de caráter transversal, que vem sendo desenvolvida através da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado, com o apoio da Prefeitura Municipal do Crato.
O Vice-reitor, Carlos Kleber, destacou a contribuição da universidade nesse processo, além da parceria com a Prefeitura Municipal e as boas consequências de todo esse trabalho que vem sendo desenvolvido. O Secretário Estadual de Meio Ambiente, Artur Bruno, espera que todas as unidades sejam criadas até o início do próximo ano. Ele anunciou que em breve será construída a sede do Parque Estadual do Sítio Fundão, em Crato. “Esse é um momento em que queremos ouvir a população para criação do Parque Estadual”, frisa. Esse trabalho, conforme Bruno, está sendo possível, com a parceria da Prefeitura do Crato e também da URCA. “Vamos fazer ainda o plano de manejo e o conselho gestor e essas instituições são fundamentais para dar sequência a esse trabalho, com uma gestão participativa”, disse.
O Prefeito do Crato, Zé Ailton Brasil, ressaltou a importância das parcerias, principalmente através do Governo do Estado e da Universidade. Para ele, essa unidade de conservação tem a ver com o desenvolvimento do turismo local, e é importante discutir a infraestrutura daquela localidade para ter o acesso, que é um dos principais desafios. “Temos que melhorar esse item, transformando o equipamento para possibilitar o turismo e preservação do meio ambiente”, disse. Outro item, segundo o prefeito, é a valorização da cultura, com a preservação dos equipamentos, e a gestão e manutenção do local, além de incluir as pessoas do entorno.
O coordenador geral do projeto cumprimentou a equipe técnica pelo bom trabalho que tem sido feito, num curto espaço de tempo. Na ocasião, ele fez uma apresentação sucinta. “A criação de uma unidade de conservação não é um ponto de chegada, mas de partida”, afirma.
O processo de implantação requer, segundo ele, um esforço ainda mais coletivo. Para o docente, esse é o momento de fazer a unidade funcionar, com o engajamento de todos. Pinheiro apresentou um roteiro que inclui desde o motivo de criação, os impactos, meio físico, caracterização socioeconômica e fundiária, os impactos ambientais, e o cenário para categorizar o parque estadual, além de todos os aspectos burocráticos e legais. Um dos pontos será a criação de um plano de manejo, para o funcionamento da unidade de conservação.
Medidas de preservação
Através da criação do Parque Estadual do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, será possível adotar medidas de conservação da
Também será possível garantir a presença da população tradicional. Essa população, após o devido treinamento, poderá ser plenamente incorporada à dinâmica do Parque, sobretudo por meio do desenvolvimento de visitas guiadas, manutenção de trilhas, bem como trabalho de educação e interpretação ambiental.
Com a unidade, será permitido um incremento da economia local e regional, por exemplo, pela atividade turística, interpretação e educação ambiental. “A história sociopolítica e religiosa de luta e resistência da população que habitou/habita o território do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto precisa ser fortemente cuidada, preservada e divulgada, dada a sua importância, ainda não plenamente analisada, para a comunidade local, regional e nacional”, avalia o coordenador dos trabalhos.