Camilo Santana é o segundo cearense a assumir o comando do ministério da Educação. O primeiro foi Cid Gomes, coincidentemente, imediatamente após deixar o Governo do Estado do Ceará. Cid demorou pouco no cargo por conta de uma briga com o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no plenário da Câmara, ao atender uma convocação dos deputados por ter dito, numa entrevista, de que na Câmara dos Deputados existia umas centenas de picaretas.
Camilo, com certeza, não perderá o cargo por fazer algum discurso agressivo. Não é da sua índole isso. Mas poderá perder o lugar por querer fazer do ministério uma Capitania Hereditária, um Feudo do Ceará. Ele não deveria levar as duas respeitáveis senhoras para as duas das mais importantes funções do ministério da Educação. E não se misture questões de gênero nessa situação. Camilo não era o nome da preferência do Lula para a tal pasta. O nome era o da Izolda Cela, mas a reação de uma parte do PT acabou impondo a sua não convocação.
Camilo foi uma saída para levá-la ao ministério, como se as restrições ao seu nome deixassem de existir. O ministério da Educação é um dos mais importantes da estrutura federal. A ligação do ministro da Educação é direta com todos os governadores dos 26 estados e o Distrito Federal. O volume de recursos que é liberado pelo MEC é expressivo e cada Estado quer mais, isso pode ser um dos motivos de reação à equipe de Camilo, pela perspectiva de poder ajudar mais o Ceará.
Depois tem às intoleráveis restrições a nordestinos, sem se falar no fato de que, dois importantes petistas mais próximos de Lula já terem ocupado o ministério da Educação: Aloisio Mercadante e Fernando Haddad. Mercadante como presidente do BNDES, banco nacional de desenvolvimento econômico, tem dito, publicamente que quer ficar mantendo contatos com as universidades brasileiras, e Haddad, como ministro da Economia, responsável pelas liberações dos recursos dos ministérios, por certo não vai querer perder a imagem de ter sido um dos melhores ministros da Educação da era petista, depois da queda de Cristovam Buarque.
O PDT é base do Governo Lula, apesar da renhida campanha feita pelo candidato do PDT, Ciro Gomes ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ciro foi muito mais duro com Lula na campanha presidencial do que Bolsonaro, como candidato à reeleição, o principal adversário de Lula.
Jornalista Edison Silva