Artesanato com palha transforma a vida de moradora da cidade de Palhano, no Ceará

Blog do  Amaury Alencar
0




 Você já ouviu falar no artesanato sobre palhas? Isso mesmo que você leu. A palha é um subproduto agrícola que consiste em talos secos de plantas de cereais após a remoção dos seus grãos. Ela representa grande parte do rendimento das culturas de cereais, como cevada, aveia, arroz, centeio e trigo.

Aqui no Ceará, existe uma cidade que é pioneira no mercado e chega a levar até o seu próprio nome. Há 168 km da capital cearense, o município se chama Palhano e fica localizado na Microrregião do Baixo Jaguaribe. Muitos atribuem o nome do município à palha oriunda da carnaubeira, vegetal de existência abundante na região e também dos artesanatos que ali são feitos.

O artesanato é uma atividade tradicional e histórica na cidade e movimenta bastante a economia local. O Produto Interno Bruto (PIB) da cidade chega a ser cerca de 93 milhões de reais divididos por algumas áreas. 45,9% do valor advém da administração pública, logo em seguida aparecem as participações de serviços que é 29%, agropecuária 45,9% e por fim o setor da indústria que é 4.6%.

Arte nas mãos
Na cidade, como mencionado anteriormente, o artesanato é bem frequente. E como funciona? A matéria prima para essas artes é realizada através do olho da carnaúba. Normalmente, os cortes acontecem nos meses de julho a dezembro de cada ano e podem ser armazenadas até um ano. Com a retirada do talo, as folhagens que podem chegar a medir até 9 metros são colocadas ao sol para secar durante quatro dias e neste período elas são enroladas em um pano úmido para se manterem flexíveis.

A fibra pode ser tingida com anilina das mais diversas cores, depois disso é riscada, ou seja, passa pelo processo de retirada do fino talo da folha e preparada para o trançado. Além do artesanato, das folhas da carnaúba também é retirado o pó que dá origem à cera, comercializada em todo país.
O grupo também trabalha com a palha de milho que é coletada nas lavouras na época de colheita e pode ser armazenada por até 3 anos sem alteração de cor ou maleabilidade. O tingimento é realizado da mesma forma, fervendo a palha com água e anilina por alguns minutos e fixando as cores com sal. Após o tingimento as palhas são secas ao sol e estão prontas para serem trabalhadas.

Maria Zuleide Baltazar da Silva, 46 anos e residente de Palhano, trabalha com o artesanato há mais de 30 anos e começou a produzir peças com a palha de carnaúba para obter sua liberdade financeira e ajudar no sustento da família. “Atualmente a minha renda é 90% do artesanato, mas também trabalho na agricultura . Esse trabalho é uma ótima terapia, além da renda que se torna muito boa, é algo que nos ajuda a utilizar a criatividade e expor nossos sentimentos através da arte, é algo que eu amo fazer. A minha maior inspiração é o amor, é a vontade de sempre inovar, são almofadas, puffs, e artigos decorativos. Se não fosse esse trabalho eu jamais teria conquistado tudo que tenho hoje, olho ao meu redor e vejo minha casa, minha família e todas as minhas conquistas através desse trabalho que amo tanto”, afirma a artesã.

Zuleide também faz parte de um grupo chamado “Mulheres Artesãs Arte Palha”, formado por 25 mulheres que trabalham com o traçado da palha do milho e da carnaúba. As mulheres são todas coordenadas por Zuleide e normalmente se reúnem em sua residência para tratar de questões coletivas, dividir os pedidos e organizar a comercialização dos produtos. Atualmente, elas contam com o apoio do Centro de Artesanato do Ceará (CEART) e ao longo desse tempo tiveram diversos cursos de capacitação onde puderam aprimorar os seus produtos e gestão. Os produtos realizados além de serem comercializados nas feiras locais, são também exportados para lojistas de todo Brasil.

                             Por Dayse Lima

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)