Um áudio divulgado pelo portal Metrópoles aponta para a existência de rachadinha envolvendo a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. Na gravação, Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga íntima de Michelle, mostra que ela ia deixar valores em dinheiro vivo, a mando da ex-primeira-dama, para pagar despesas pessoais.
Na semana passada, veio a público que fatura do cartão de Rosimary foi encontrada na lista de contas pagas com dinheiro vivo pelo tenente-coronel do Exército Mauro César Cid, principal suspeito de envolvimento em caixa 2 dentro do Palácio do Planalto.
"Querido, você está por perto? Tem como a gente combinar daqui a uns 40 minutos? Para eu te entregar a encomenda lá da Mi (Michelle). Aí só me avisa que eu desço pata te entregar", diz Rosimary, no áudio.
O jornalista Rodrigo Rangel teve acesso a documentos e mensagens que ligariam Michelle e a amiga em um esquema de rachadinha. A reportagem denuncia que Michelle recebia com regularidade, na residência oficial, envelopes de dinheiro enviados por Rosimary Cardoso Cordeiro.
Os funcionários do palácio tinham a função de usar os carros oficiais da Presidência para encontrar a amiga da ex-primeira-dama em lugares que variavam. Já aconteceu, por exemplo, no prédio da mulher, na região administrativa do Distrito Federal, e em um ponto de encontro entre o Planalto e o Congresso Nacional.
A tarefa, regular, era conhecida das pessoas que integram o staff de confiança de Michelle. A suspeita levantada pelos funcionários é que Rosi repassava a Michelle uma parte do salário que ganhava no Senado, onde era assessora.
Caixa 2
Uma dos funcionários da gestão de Bolsonaro afirmou ao jornalista que, várias vezes por mês, a equipe encarregada de auxiliar Michelle recebia a missão de passar no Planalto para pegar dinheiro vivo na sala do tenente-coronel Mauro César Cid, homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O esquema supostamente movimentava verbas que tinham como origem saques feitos na boca do caixa com cartões corporativos do governo. Nas mensagens obtidas, há o registro de pedido de Michelle para retirada de dinheiro, que era autorizada por Cid e executada por assessores da primeira-dama. O tenente também providenciava depósitos, em dinheiro vivo, na conta pessoal de Michelle. Os pedidos, em sua maioria, eram feitos por mensagens em aplicativos.
Procurada pela reportagem, Rosimary Cordeiro, a amiga de Michelle empregada no Senado, negou que enviasse envelopes com dinheiro para a então primeira-dama e que encontrasse funcionários do palácio para entregar as “encomendas”. Ela desligou a ligação após ser informada da existência do áudio.
Segredos do Alvorada
➡️ A suspeita de “rachadinha” de Michelle Bolsonaro com a amiga.
Leia na coluna de @rodrigo_rangel : https://t.co/77sRIzwTwX pic.twitter.com/soW9OhMsbD
— Metrópoles (@Metropoles) February 3, 2023
Tenente e o caixa 2
Na semana passada, o tenente foi citado em um esquema de caixa 2 nos Palácios da Alvorada e do Planalto. A fatura do cartão de Rosimary foi encontrada na lista de contas pagas com dinheiro vivo pelo tenente-coronel.
Segundo a investigação da Polícia Federal, comandada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Cid pagava contas da então Presidência em dinheiro vivo, inclusive, com saques feitos a partir de cartões corporativos da Presidência e de quartéis das Forças Armadas. As informações são da coluna de Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles.
O próprio ex-presidente confirmou que Michelle usava o cartão de crédito de uma amiga, pois “não possuía limites de créditos disponíveis”.
o Povo