Ativistas dos movimentos de mulheres – formados por organizações da sociedade civil, jornalistas, escritoras, mulheres trans e mulheres vítimas de violência – compartilham seus olhares e suas vozes no “Verbo Ser”, documentário reflexivo sobre violências contra mulheres na região do Cariri. Após encerramento de entrevistas, terão início agora as etapas de pós-produção, montagem e edição. O esperado é que, a partir de 2024, o filme participe de festivais nacionais e internacionais, com exibições fechadas e a possibilidade de parcerias com inserção em plataformas de streaming.
À frente do projeto está Nívia Uchôa, que dirige o filme. Inicialmente, ela faria o trabalho voltado às mulheres trans na região, contudo as violências sofridas por todas as mulheres a fez mudar a rota. “Resolvi realizar um filme sobre mulheres, suas vidas e o ativismo que elas estão inseridas”, conta a diretora, ao dizer que o processo iniciou entre os anos de 2015 e 2016. O projeto é patrocinado pela Secretaria da Cultura do estado do Ceará através do XIV Edital de Cinema e Vídeo – Produções.
“Estamos no Cariri cearense, e todos os anos somos surpreendidas com a notícia de feminicídios. Elas são assassinadas de forma brutal pelos seus companheiros, que normalmente são os pais de seus filhos. Infelizmente, um fim trágico, como as vidas de Cícera Mônica, Silvany Inácio, Yanny Brena, Pamela Pamanesky e de várias outras mulheres e travestis, é corriqueiro em nossa região”, afirma Nívia.
Como contraponto a essa realidade, a diretora aponta que o documentário “Verbo Ser” surge para mostrar e potencializar a atuação das ativistas, gerando debates sobre as violências contra mulheres, machismo, patriarcado, racismo e LGBTfobia com o intuito de reduzir a propagação desses atos. “Essas mulheres contarão suas histórias de vidas, lutas, manifestações e a trajetória na busca por soluções de direitos à vida”, explica, ao mencionar que a seleção das participantes ocorreu mediante escuta das histórias das mulheres e pela importância dessas histórias, em que a maioria delas está na linha de frente do combate e enfretamento aos variados tipos de violências contra as mulheres.
O documentário reúne depoimentos de mulheres de coletivos como Frente de Mulheres do Cariri, Conselho da Mulher Cratense , Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec). Entre elas, estão Brenda Vlasack, Zuleide Queiroz, Verônica Isidório, Maria Raiane, Ivaneide Severo, Isadora Oliveira, Macedônia Felix, Valéria Carvalho, Verônica Carvalho, Raquel Paris, Mara Guedes, Sâmia, Mércia Rodrigues, Célia Rodrigues e Pâmela Queiroz.
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