O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai lançar nos próximos dias o Plano Safra 2023/2024 com um volume recorde de recursos, em uma tentativa de se aproximar de ruralistas, com quem o presidente tem tido uma relação conturbada desde a campanha.
A estratégia do Palácio do Planalto é buscar reduzir resistências ao petistas dentro do setor, que majoritariamente apoiou Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições.
O Plano Safra, cujo objetivo é financiar a atividade agrícola no Brasil, é visto como senha para tentar melhorar a relação com um segmento que tem puxado o crescimento econômico neste início de ano.
Nas últimas semanas, diversas pastas se envolveram em reuniões para a definição das principais variáveis do plano: carteira total de recursos disponíveis, montante para as linhas subsidiadas e taxas de juros
Segundo pessoas que participam das negociações, o valor total do Plano Safra deve ficar entre R$ 420 bilhões e R$ 430 bilhões.
O valor frustra o pedido dos ruralistas, que almejavam alcançar uma carteira total de R$ 470 bilhões em financiamentos. Ainda assim, o valor representa um forte incremento em relação aos R$ 340,9 bilhões lançados por Bolsonaro para a safra 2022/2023.
Os detalhes do programa estão sendo desenhados para assegurar ampliação de recursos inclusive para empresários do agronegócio, setor em que há um grande foco de críticas a Lula. A previsão é que só a linha de custeio voltada ao segmento empresarial tenha cerca de R$ 100 bilhões –bem acima dos quase R$ 75 bilhões reservados a esse fim no último plano de Bolsonaro.
Ao mesmo tempo, haverá uma reserva de recursos para incentivar práticas sustentáveis indicadas pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente), o que tem sido chamado pelos técnicos de componente de indução ambiental. Em seu terceiro mandato, Lula busca usar a preservação e a sustentabilidade como marcas de seu governo.