Fãs de dinossauros, família viaja de Santa Catarina ao Ceará para ver fósseis — Foto: Patrícia Silva/TV Verdes Mares
O contraste da distância que aproxima. Um percurso de 4 mil km feito entre Santa Catarina e o Ceará, em um fusca, reforçou os laços entre pai e filho. O motivo? Conhecer a região do Cariri cearense, referência com relação ao acervo paleontológico lá encontrado. O adolescente de 15 anos, Marcelo Ferreira Gonçalves Júnior, é fascinado por dinossauros, o que motivou o pai, Marcelo Ferreira Gonçalves, a planejar a viagem até o município do Crato.
As férias escolares que Marcelo Júnior jamais vai esquecer iniciaram em Joinville, onde a família mora. Até o Ceará, foram oito dias de viagem, passando por diversos locais do Brasil, como Varginha (MG) e Porto Seguro (BA).
Eles passavam de oito a dez horas por dia em deslocamento no carro.
Marcelo Júnior descobriu a região da Chapada do Araripe enquanto estudava por conta própria. Então, conseguiu convencer o pai a viajar até o Cariri. “Eu sempre gostei de dinossauros. Um dia, eu estudei por conta própria um dinossauro aqui da região, o ‘Irritator’, daí eu vi que ele morou nesse sítio paleontológico que ele foi descoberto”, disse o estudante.
A Bacia ou Chapada do Araripe, na divisa entre Ceará, Piauí e Pernambuco, é uma região geológica que abriga nove sítios paleontológicos com registros de arte rupestre e fósseis de dinossauros e de outras espécies de animais, como peixes e insetos.
O Irritator, dinossauro citado pelo jovem, é um gênero da família Spinosauridae de porte médio que viveu no Cretáceo inferior, a 110 milhões de anos na Chapada do Araripe, Ceará.
“Aí fui me adentrando mais e mais, e fui descobrindo que aqui tem fósseis bem legais, com estado de preservação muito incríveis. Descobertas mais incríveis ainda que eu me divertia muito pesquisando”, declarou Marcelo Júnior.
A região é uma das três mais ricas do mundo na quantidade dessas peças, e atrai pesquisadores do mundo inteiro. Além da grande quantidade de fósseis e da facilidade de escavá-los, há grande variedade de espécies do período Cretáceo (110 a 115 milhões de anos atrás), um dos mais difíceis de encontrar registros de qualidade pelo mundo.
Fortalecer a relação
Pai e filho viajam 4 mil quilômetros para conhecer fósseis de dinossauros no Ceará — Foto: Patrícia Silva/TV Verdes Mares
Marcelo Ferreira é médico e decidiu aproveitar o sonho do filho para fortalecer a relação entre ambos. “Eu sempre tive uma preocupação de fazer uma relação de pai e filho. A gente percebe que isso é muito importante. Na minha profissão, como médico, vejo que muitos problemas de saúde mental têm origem na relação familiar. Então, procurei aliar o sonho dele, a minha preocupação de pai e a gente construir uma história juntos”, explicou.
Marcelo Ferreira disse, inclusive, que pretende presentar o filho com o fusca usado na viagem, que está com a minha família há mais de 20 anos. “Agora, esse fusca, além de ser um carro, tem uma história. Eu queria deixar um legado para o meu filho. Unimos minha paixão pelo fusca à paixão dele por dinossauros”, declarou o médico.
“Nosso compromisso era estar aqui dia 20. À medida que íamos descobrindo coisas no caminho, a gente ia parando e curtindo para descansar, fazer turismo e com que ele descobrisse parte do Brasil”, complementou Marcelo.
G1 CE