Uma mensagem do Poder Executivo de Araripe, a 550km de Fortaleza, enviada à Câmara Municipal, solicita a apreciação dos vereadores para que seja aprovado o pedido de empréstimo por parte da Prefeitura junto ao Banco do Brasil. Além do valor surpreendente, que gira em torno de R$3.100.000, o que espanta é o cenário desfavorável para que a gestão de Cícero de Deus (PDT) realize tal audácia. Segundo denúncias que chegam à Redação, funcionários de Araripe estão há três meses sem receber os seus salários. As informações são da REDE ANC.
Na própria justificativa enviada à Casa de Leis, o prefeito entra numa contradição, ao afirmar que os cofres do município não serão comprometidos. Na verdade, a inadimplência para com os servidores já prova que esta situação é uma realidade de Araripe, já que existem relatos de profissionais que não foram pagos pelos serviços prestados. “Ademais, também há relevância em informar que não haverá comprometimento aos cofres públicos, uma vez que se trata de mero redirecionamento de valores, não havendo, pois, criação de despesas públicas”, explica o prefeito em mensagem enviada à Câmara.
A votação que vai ou não aprovar este projeto acontece nesta sexta-feira (15/09). Segundo Cícero de Deus, o empréstimo será destinado para duas ações: a implantação de placas solares em Araripe e a reforma do prédio da Prefeitura. Segundo o documento, só para instalação das placas, serão destinados R$ 2.400.000, o que é a maior parte do recurso.
Para a reforma do prédio, fica o valor restante de R$ 700.000. “ Tal modificação é de grande valor tendo em vista a relevância histórica-cultural que ostenta o prédio da Prefeitura Municipal de Araripe, conforme muito bem expõe o relatório emitido pelo Departamento de Cultura, vinculado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura”, afirma Cícero de Deus, reforçando, ainda, que a modernidade exige mudanças, segurança e conforto em diversos aspectos da vida.
Segundo informações dos próprios moradores de Araripe, as contas da Prefeitura estão no vermelho, e quem não desfruta dos aspectos de segurança e conforto definidos por Cícero de Deus, são os funcionários que estão sem receber e os habitantes do município do Cariri que sentem na pele a falta de qualidade na prestação do serviço público em diversas áreas.
A prova de que Araripe não está em condições de arcar com este empréstimo milionário é dada pela própria contradição de Cícero de Deus. Caso as contas da Prefeitura estivessem numa margem de segurança, Cícero não teria aderido à greve dos gestores, realizada no dia 30 de agosto, convocada pela Aprece. Com tais ações, é nítido: a gestão de Araripe ganha destaque na impopularidade e perde espaço para os grupos de oposição que se articulam para o pleito eleitoral de 2024.
Fonte: REDE ANC