foto Governo Federal
O ministro da Educação, Camilo Santana, participou, no último sábado, 28, da Expo Favela Innovation, que é considerada a maior feira de empreendedorismo do mundo direcionada ao público das periferias. O evento foi realizado no Centro de Eventos do Ceará e, Santana, que também é ex-governador do Estado, esteve presente no painel que discutiu “O papel da educação no enfrentamento das desigualdades”. “O Brasil é um dos países mais injustos do planeta e o principal vetor para garantir oportunidades é a educação do povo”, defendeu o ministro.
De acordo com ele, entre as metas da atual gestão do Ministério da Educação (MEC) se destacam temas como a garantia da qualidade da educação pública e a inclusão. “O presidente Lula nos colocou em uma missão de construir novas ações de política que primeiro pudessem fortalecer a educação básica”, detalhou, acrescentando que os anos mais importantes para o aprendizado são aqueles que integram os primeiros momentos das crianças na escola.
Nesse sentido, o titular do MEC ressaltou a relevância da alfabetização na idade certa dentro de um contexto educacional mais amplo, afirmando que tal medida é capaz de reduzir os índices de reprovação, de evasão e de abandono escolar, cenário que piorou durante a pandemia de covid-19. O ministro revelou ainda que dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) apontam que, atualmente, 61% das crianças brasileiras não aprendem a ler no período correto. “Isso é muito grave”, opinou.
Santana acredita que as desigualdades educacionais ocorrem em diferentes escalas no território nacional, inclusive, de maneira regionalizada. Por isso, o Governo Federal enxerga a tecnologia como aliada para promover a cidadania digital de forma a criar um modelo pedagógico no qual a conectividade possa servir como complemento para a educação. O cearense lembrou ainda, que os maiores índices de evasão escolar se dão durante o 1º ano do Ensino Médio e anunciou que, em novembro, o Bolsa Poupança deverá ser lançado como ferramenta de auxílio para que os jovens do Ensino Médio brasileiro não abandonem a escola.
Inclusão
Além do ex-governador, também fizeram parte do painel o reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Custódio Almeida, e os professores Eri Bernardino e Ivanildo Santos. O professor João Luiz Pedrosa atuou como mediador. O reitor da UFC defendeu a priorização da inclusão como caminho para combater efetivamente as desigualdades no Brasil. “Não basta dizer que a educação é fundamental. Precisamos entender que ela deve de fato construir mentes que queiram fazer justiça social […] Para combater e enfrentar as desigualdades, a gente precisa focar na inclusão”, disse, argumentando que medidas como a interiorização das universidades e a lei de cotas têm um papel essencial nesse objetivo.
“Sem inclusão a universidade é elitista. O que nós temos na história do Brasil é uma educação que funcionou para uma pequena classe média. Esse modelo de educação precisa ser combatido para que a inclusão aconteça […] Inclusão é tirar da invisibilidade os invisíveis”, afirmou, citando o lema do evento “Favela é potência”.
Eri Bernardino relatou as dificuldades enfrentadas durante a sua própria trajetória educacional e ressaltou a importância de promover a educação em conjunto com outras ações que possibilitem oportunidades igualitárias para aqueles com menos condições financeiras. “Se a educação não vem com as outras estruturas, o filho da classe trabalhadora não a termina”, pontuou.
Por Yasmim Rodrigues