Ao agradecer a visita e a receptividade do vice-presidente, sempre que vai a Brasília para “discutir os desafios do Estado”, Elmano lembrou que a questão ambiental é determinante, atualmente, no comércio mundial e, nesse contexto, destaca-se a matriz energética, porque há mudanças no padrão de consumo mundial. Segundo ele, a tendência é de que, antes de se adquirir um produto, as pessoas avaliem se o fabricante utilizou energia limpa ou não para produzi-lo, se há ou não certificação verde na sua produção.
O governador argumentou que “a matriz energética também se relaciona com a indústria que temos hoje. Para nós, no Ceará, é tão importante o debate sobre energia renovável, e não só pelo nosso potencial instalado, mas pelo que ainda vai se instalar”. De acordo com o governador, somente na Serra da Ibiapaba são cerca de 10 bilhões de invetimentos previstos em energia eólica; em energia eólica offshore, apenas a Petrobrás já tem licença para produzir seis gigawats. “Na reunião que tive com o presidente da Petrobras, semana passada, a frase era uma só: ‘Só estamos aguardando a regulamentação da energia eólica offshore’; e o mesmo dizem os investidores privados. Nós podemos ter investimentos da ordem de 30, 40, 50 bilhoes de reais no Ceará, algo inédito na história do nosso estado”, observou.
Mas, para que esses investimentos sejam viabilizados, Elmano de Freitas pontuou que é preciso resolver a pendência relativa à construção de linhas de transmissão, sob pena do Estado perder os investimentos para outras unidades da federação.
A pauta de reivindicações ao vice-presidente também incluiu a conclusão da Transnordestina, com intuito de interiorizar o desenvolvimento, uma vez que a rodovia permitirá a compra de insumos agrícolas, principalmente grãos, como milho e soja, mais baratos, por parte dos produtores rurais locais, da cadeia produtiva do leite, ovos e frangos. “Mais que isso, a Transnordestina nos permite pensar num porto seco no Sertão do Ceará. Porque fábricas de calçados, por exemplo, poderão ter um frete mais barato para o porto e exportar para o mundo, de preferência com energia limpa”, argumentou
Elmano também fez questão de ressaltar que “nós queremos produzir Hidrogênio verde com a inclusão do povo mais simples, melhorando a vida do povo mais humilde, ou seja, incluindo pequenos produtores no desenvolvimento do Estado e ainda com o desafio da inovação, porque grande parte da água utilizada para a produção de hidrogênio verde, não será a água reservada para consumo humano, queremos usar a água do reuso de esgoto da Região Metropolitana de Fortaleza. Ou seja, nós queremos garantir 100% de esgotamento sanitário e que a água do esgoto seja tratada, assim como a dessalinizada, para a produção de hidrogênio verde”.
O vice-presidente Geraldo Alckmin lembrou que a lógica do mercado sempre foi: produto bom e barato, mas agora um novo ingrediente foi acrescentado, a compensação às emissões de carbono. “Aí a oportunidade do Ceará é fantástica”, afirmou, explicando que no momento em que o mundo discute a descarbonização, o estado tem energia eólica e energia solar, que é a mais barata. “Contem conosco. A lição de casa está anotada aqui. Precisamos regulamentar a lei do hidrogênio verde, definir o marco legal das eólicas offshore, ou seja, definição, regulação e certificação. Mas “eu acrescentaria mercado regulado de carbono, para avançar ainda mais. E nós esperamos ter aprovado, ainda este ano, a lei que estabelece mercado de carbono regulado. Renegociação dos créditos dos fundos do constitucionais, eu também registrei”. Sobre as linhas de transmissão, informou que o presidente Lula assinou, quarta-feira passada, cinco contratos para linhas transmissão, num total de 16 bilhões, outro já está previsto para dezembro e mais um para o início do ano que vem. “E o Ceará está incluído no programa”, garantiu.
O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, que recepcionou os convidados para o evento – empreendedores, lideranças empresariais, políticos e autoridades estaduais e federais de vários segmentos – disse que os cearenses vivem um momento histórico, que pode contribuir para mudar a realidade do País. Segundo ele, “o Ceará pode ser um grande parceiro na construção de um futuro grandioso para o Brasil”, mas para isso, é preciso sanar alguns gargalos, que incluem: avançar nas reformas tributária e administrativa; o marco regulatório do hidrogênio verde e a regulação das offshore, até o fim do ano; retomar com vigor a construção de casas populares e obras de infraestrutura; mais políticas voltadas para a pesquisa e o desenvolvimento, entre outras questões. Ele também pediu “um olhar diferenciado para o Nordeste, por parte dos bancos de fomento e de desenvolvimento, considerando que só recursos do FNE não serão suficientes para atender a atual e futuras demandas da região; e resgatar a renegociação dos fundos constitucionais, aprovada pelo Congresso”.
Cavalcante lembrou que, no campo das energias renováveis, o Estado já está dando importante contribuição para a descarbonização, participando com 9% de capacidade de geração eólica no país, e que chegará a 11% nos próximos anos, apenas com os projetos que já venceram os leilões de energia e para o mercado livre. “Somos capazes de produzir e entregar ao mundo o hidrogênio verde mais barato do planeta”, completou.
O ministro da Educação, Camilo Santana, também presente ao evento, lembrou que o Estado vem trabalhando na construção de hubs. Primeiro foi o aéreo, depois uma espécie de hub marítimo de distribuição de mercadorias pelo Brasil e para a exportação, via Porto do Pecém, e agora o foco é no terceiro hub, o tecnológico, com os cabos de fibra ótica, que entram pelo Ceará. Segundo ele, “é a tecnologia que vai transformar o Estado na próxima década, porque a tendência mundial é a transição energética, buscar combustíveis renováveis… o mundo todo está olhando pra isso e para o Brasil, que tem a maior matriz sustentável de produção de energia renovável do planeta”. Reforçando a necessidade dos marcos regulatório, lembrou que o Ceará foi pioneiro em energia eólica e energia solar e foi primeiro estado a produzir a molécula de hidrogênio verde. Defendendo a união de todos, assegurou que, ” no que depender do governo federal, dos congressistas cearenses, do presidente Lula e do vice-presidente, nós vamos transformar o Nordeste, e o Ceará será sim o grande hub do hidrogênio verde no País”.
Também participaram da solenidade, na Fiec, a senadora Augusta Brito; o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão; o deputado federal e líder do Governo Federal na Câmara, José Guimarães; a desembargadora Germana de Oliveira Moraes, vice-presidente do Tribunal Regional Federal; o comandante da 10ª Região Militar, General Cristiano Pinto Sampaio; o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana; e os deputados federais Leônidas Cristino e Danilo Forte, entre outros.
(*)com informação do Governo do Estado do Ceará