O senador Cid Gomes e aliados do PDT correm contra o tempo para definir qual será o futuro partidário deles em meio a crise dentro do partido. Após o grupo confirmar a saída em bloco, o objetivo agora é definir qual partido deve abrigar os 43 prefeitos, 13 deputados estaduais (em exercício e suplentes), cinco deputados federais (em exercício e suplentes) e o senador.
Cid tem a meta de, no dia 4 de dezembro, todos se reunirem novamente para tomar a decisão definitiva após período de negociações com diversos partidos. O próprio senador e os aliados já afirmaram que a escolha será coletiva, ou seja, o plano é que eles entrem em consenso e definam um único partido para migrarem.
Na última quarta-feira (22), eles foram a Brasília para se reunirem com lideranças nacionais de partidos. Houve conversas com dirigentes do PSB e do Podemos, dois dos mais cotados para receberem o grupo. O terceiro na lista é o PT. Outros partidos também são citados pelos pedetistas, mas com possibilidade menor. Entenda a seguir os entraves para a adesão do grupo de Cid Gomes.
PT
O PT está no comando Governo do Estado, o qual tem como base deputados aliados do senador no PDT. Além disso, tinha aliança com o PDT que Cid queria recuperar. Do partido, acenos importantes partiram do governador Elmano de Freitas, que disse que “o senador Cid Gomes seria muito bem-vindo ao Partido dos Trabalhadores”.
O ministro da Educação, Camilo Santana, disse no dia 17 que tinha convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Cid se filiar ao PT. Desde então, Cid vem buscando um encontro com Lula para tratar do assunto.
Entretanto, alguns petistas minimizaram o ato de Lula chamando de “gesto de acolhimento” ou “gesto simbólico”. Não está claro se o convite se estende a todo o grupo que pretende acompanhar Cid na escolha partidária.
Um dos maiores entraves no PT é o conflito de interesses entre o grupo de Cid e os petistas em nível local, principalmente tendo em vista as eleições de 2024. Muitos prefeitos aliados de Cid que querem tentar a reeleição nos respectivos municípios podem entrar em choque com os candidatos do PT.
“Eu não vejo de forma concreta, hoje, como conciliar os interesses de um bloco tão grande com os interesses do PT”, afirmou o deputado De Assis Diniz. O presidente do PT Ceará, Antônio Filho (Conin), foi claro: “Não temos como comportar todo o grupo. Isso tem repercussão em situações locais e regionais”, declarou à imprensa.
PSB
Foi um dos primeiros partidos cotados para receber os pedetistas dissidentes desde o anúncio de que o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão, sairia do PDT. No Ceará, o partido é comandado por Eudoro Santana, pai de Camilo Santana. “Não só ele [Evandro] é bem-vindo, como todos os outros [dissidentes do PDT]”, afirmou Eudoro à imprensa.
Um dos primeiros partidos a fazer convites públicos tanto a Evandro como a todo o grupo de Cid, o PSB chegou a publicar nota dizendo abrir as portas para o senador e companheiros. Entre as vantagens do partido, há o alinhamento ideológico mais próximo e o fato de que alguns parlamentares já foram do partido, tendo saído sem conflitos. Porém, um problema que gera impasse ao grupo de Cid é a possibilidade de federação entre PSB e PDT para 2026.
Podemos
O Podemos no Ceará é presidido pelo prefeito de Aracati, Bismarck Maia, pai dos deputados Eduardo e Guilherme Bismarck, que são aliados de Cid no PDT. Bismarck Maia já declarou estar “entusiasmado” com possível acordo para receber os pedetistas, que dizem ter tido diálogos mais objetivos até agora com o Podemos.
Entretanto, em nível nacional, há impasse: setores do partido têm alinhamento com o bolsonarismo, o que seria problema para o grupo de aliados de Cid, que mantém posição de centro-esquerda.