O vice-prefeito André Barreto (PT) foi escolhido como pré-candidato governista à Prefeitura de Crato, na sexta-feira (7), e o bloco partiu para uma nova etapa de negociações: a definição do seu companheiro de chapa. No momento, há nomes em disputa no PP, no PSB e no PDT, além do próprio PT.
Mas a possibilidade de seguir com chapa pura para a campanha eleitoral é baixa, afirmou o prefeito Zé Ailton Brasil (PT), que se encaminha para o fim do segundo mandato no Executivo cratense. “Vejo isso com muita cautela. Se tenho vários partidos na minha base, na base do Governo do Estado e no Governo Federal, temos que administrar todos eles. Se isolar não é bom”, disse o gestor, nessa segunda-feira (10), em entrevista à rádio Tempo FM.
É buscando agregar o melhor nome para a posição de pré-candidato a vice-prefeito que ele e Barreto iniciam com mais intensidade um cronograma de negociações. Nessa terça (12), ambos partiram para Brasília para cumprir uma agenda oficial da Prefeitura e dialogar com lideranças cearenses na Capital Federal.
O presidente nacional do PDT e deputado federal, André Figueiredo; o vice-presidente nacional do PT e deputado federal, José Guimarães; o senador Cid Gomes (PSB); e o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), são algumas das reuniões esperadas para esta semana.
Escolhido pré-candidato a prefeito no grupo governista, André Barreto também tem evitado antecipar comentários mais definitivos sobre o impasse em questão. Ele reitera que está conversando com lideranças sobre quem será seu parceiro de chapa e que um nome pode ser apresentado até antes das convenções partidárias, marcadas para começar em 20 de julho.
EXPECTATIVA NA BASE
Da parte do PDT, há o interesse de indicar o vereador Dr. Dudé para a posição. Mesmo após o rompimento a nível estadual, em 2022, o diretório municipal manteve a aliança com o PT no Crato. “Nós já tínhamos começado a trabalhar o nome do Dr. Dudé antes da indicação do Zé Ailton (à cabeça de chapa). Já fizemos alguns encontros com apoiadores, dentre os quais, vereadores, temos o maior apoio nisso”, explica o presidente do PDT no município, Caio Bem.
O PDT tem a maior bancada na Câmara Municipal de Crato, com cinco vereadores. Segundo o dirigente, a sigla foi a primeira a declarar apoio a Zé Ailton em 2016 e também indicou André Barreto como candidato a vice-prefeito à época.
Caso a expectativa não se transforme em realidade, o dirigente diz que o partido continuará apoiando a investida à Prefeitura e não lançará chapa paralela. “A gente entende que política não se faz com chantagem, com achaque. Tudo se constrói, tudo se conversa. A nossa relação com o Zé Ailton é muito tranquila, aberta e sincera. [...] É uma relação muito sólida e não será criada nenhuma rusga em cima disso”, afirma.
O PSB também não pretende lançar um nome próprio, na hipótese de preterimento à vaga postulada. “Vamos ficar felizes com outra indicação. A base está muito unida”, garante o presidente municipal da sigla, Felipe Correia.
Aqui, três correligionários se colocaram à disposição: Dr. Leitão, promotor de justiça aposentado e ex-professor da Universidade Regional do Cariri (Urca); Davi Araripe, chefe de gabinete do ex-prefeito Samuel Araripe; Alex Saraiva, vereador e líder da bancada na Câmara.
Rafael Branco, presidente PP Crato, vice-presidente do diretório estadual e pré-candidato a vice-prefeito, também descarta o lançamento de candidatura própria caso não seja escolhido.
Ele ressalta que aguarda definição por parte da cúpula do PT, que encabeça a chapa, e pelos seus correligionários AJ Albuquerque, deputado federal e presidente do PP Ceará, e Zezinho Albuquerque, secretário das Cidades e pai de AJ. “A escolha do (pré-candidato a) prefeito do grupo foi comandada com essas lideranças, assim como será a do vice, acredito”, conclui.
PT DO CRATO
Estavam na disputa pela cabeça de chapa do PT o vice-prefeito André Barreto, o vereador Pedro Lobo, o chefe de gabinete da Prefeitura, Rondinelle Brasil, e a secretária estadual da Educação, Eliane Estrela. Esta não se desincompatibilizou da função, então não ficou apta a concorrer a cargo eletivo neste ano. Já os demais ficaram na expectativa.
O anúncio foi marcado para ocorrer na última sexta-feira (7), reunindo a base no Crato. Após a confirmação de Barreto, Rondinelle discursou no evento sobre sua “gratidão” por compor o páreo. Já Pedro Lobo não compareceu ao momento e se pronunciou sobre a definição na segunda (10), em sessão na Câmara Municipal.
O vereador fez um pronunciamento informando que seguiria na disputa interna e acusando o partido de não ter seguido o rito usual para esse tipo de resolução, já que ele teria sido escolhido pelo diretório no ano passado, mas a decisão não foi mantida.
“Sempre nos colocamos à disposição ao debate no PT, é assim que funciona. O debate inicialmente se dá na instância municipal. [...] Estou colocando isso para dizer que esse debate não foi tratado no diretório municipal. Aliás, foi, sim, lá atrás, em novembro, quando nós tínhamos a resolução que dizia que o PT, caso obtivesse ⅔ do seu diretório municipal, dispensaria os encontros municipais e automaticamente o candidato escolhido já seria o pré-candidato oficializado nas convenções. E assim nós fizemos”, disse.
Aquele encontro foi anulado pelo diretório estadual, após contestação de Zé Ailton. Ficou acertado que a decisão seria adiada, assim como ocorreu em Fortaleza, e seguiria com três nomes à disposição.
Ao Diário do Nordeste, Pedro Lobo explicou que não entrará com recurso no momento e que aguardará uma nova definição na instância municipal por meio de encontro. O prazo para que isso ocorra é 30 de junho. Até lá, espera ter chegado a um consenso. “Conversei com o André, estamos dialogando, vendo se chegamos a um entendimento”, informou.
Caso André Barreto siga como representante do partido para a campanha, o vereador disse que apoiará a chapa “se for construída coletivamente dentro do partido”, em “um processo democrático”. E completa: "aí a gente vai acompanhar. Não dá só para a pessoa indicar e os outros aceitaram”.
O presidente do PT Crato, Maurício Pinheiro, afirmou que o partido trabalha por um consenso, que deve chegar até o dia da reunião do diretório, em 22 de junho. O Diário do Nordeste buscou o presidente do diretório estadual do PT, Antônio Filho (Conin), para comentários das declarações de Pedro Lobo e sobre os procedimentos internos de escolha de candidatura. Quando houver resposta, a matéria será atualizada.
CENÁRIO CRATENSE
Apresentado como pré-candidato pelo Agir, o presidente da Câmara Municipal, Florisval Coriolano, declinou da intenção de seguir na disputa. Em abril, ele convocou uma coletiva de imprensa para anunciar que passava por um tratamento de saúde focado na sua garganta e que, por isso, iria se afastar da coordenação dos trabalhos e passaria o bastão para o empresário Márcio Bilhar, mas se manteria como postulante à Prefeitura.
Um mês depois, no entanto, ele publicou nota nas redes sociais atualizando sobre seu estado de saúde – que progride bem – e informando que Bilhar é quem seria o pré-candidato do partido ao Executivo. Além do Agir, o grupo conta com o PRTB e o Avante no arco de aliança.
"(O tratamento) tem exigido idas e vindas entre o Crato e Fortaleza para tratamento. [...] Por recomendação médica, foi aconselhado que eu me afaste completamente das atividades de pré-campanha relacionadas à minha pré-candidatura a prefeito. Em vista disso, reuni-me com nosso grupo político, diga-se de passagem, é um dos maiores do Crato, e tomamos uma decisão conjunta", disse.
"O projeto 'Crato Cidade do Futuro' manterá o compromisso de apresentar uma pré-candidatura a prefeito do Crato, e o nome que terá a honra de representar nossa cidade será o do amigo, irmão e companheiro de partido, Márcio Bilhar".
Na oposição, estão nomes como o deputado estadual em exercício, Dr. Aloisio (União), e o ex-prefeito Zé Adega (PL). Ambos devem se unir em uma chapa, com Aloisio como cabeça, para a disputa deste ano. A aliança será confirmada em evento que deve ocorrer no dia 30 de junho. A coligação pode ser reforçada daqui para lá, uma vez que um diálogo também ocorre com o Novo.
O bloco também conversava com o vereador Lucas Brasil (PSDB), confirmado como aposta do partido na corrida ao Executivo há um tempo. Apesar disto, mas havia a possibilidade de uma fusão para fortalecer a oposição. O diálogo, contudo, não avançou.
Lucas, inclusive, é sobrinho de Zé Ailton e rompeu com o tio em 2022. "Foi tanto um caso pessoal, dentro da família, como a gente procurou espaço (na base aliada) e não encontrou. A gente optou por não permanecer no grupo", explicou o parlamentar, em entrevista anterior ao Diário do Nordeste. A reportagem buscou o vereador novamente para entender como está o cenário para o PSDB no município, e aguarda retorno.
Ponto Poder