Populares e devotos participaram, neste domingo, 2, da tradicional Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio, em Barbalha, evento que está entre os festejos de celebração ao religioso e padroeiro da cidade.
Além de evidenciar a cultura e a fé local, o momento alimentou ainda a esperança daqueles que enxergam no "santo casamenteiro" uma oportunidade de encontrar um relacionamento amoroso.
Conforme dados da Secretaria de Cultura de Barbalha, a estimativa inicial era que cortejo reunisse entre 250 a 300 mil pessoas. Por volta das 16 horas um público considerável já se aglomerava nas ruas mesmo em meio ao sol que ofuscava no céu, em demonstração a devoção religiosa reforçada nesse período.
A celebração, considerada patrimônio imaterial do Brasil pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde 2015, tem origem em uma prática realizada na década de 1860, quando sob orientação do Padre Ibiapina moradores passaram a pendurar bandeiras em suas portas.
Enfeites eram um símbolo de que a residência celebrava Santo Antônio. Tempos depois, em 1928, o gesto foi substituído pelo carregamento do pau em uma espécie de cortejo, fazendo o hasteamento da bandeira passar a simbolizar a fé de todos os fiés de Barbalha. Celebração ocorre assim desde então.
Segundo o repórter Yago Pontes, da rádio O POVO CBN Cariri, no sábado, 1°, a taxa de ocupação dos hotéis da cidade já estava próxima de 100%, conforme dados apurados com a Secretaria da Cultura do município.
Neste ano, o tronco escolhido para ser usado como mastro para a bandeira veio de uma copaíba encontrada no Sítio São Joaquim. Ele foi cortado no dia 17 de maio, tem 23 metros e pesa 2,5 toneladas.
Em meio ao movimento do cortejo e a expectativa para a passagem dos carregadores com o mastro, uma multidão se aglomerava em frente à casa que é parada obrigatória para as pessoas interessadas em subir ao altar: a conhecida residência da solteirona mais famosa do Brasil, a advogada Socorro Luna, 70.
Da janela, uma das principais anfitriãs da festa distribuía o chá feito da casca do pau e outros itens para quem deseja deixar a solteirice e casar: a pinga “xô caritó”, o pó cata-marido e até fitas que suplicam “Santo Antônio, tende piedade de nós, as solteironas”.
Socorro Luna reconhece que os tempos mudaram e hoje o casamento já não é mais uma prioridade para muitas mulheres.
“Eu não quero mais homem. Assim como muitas mulheres. Mas existe ainda muita gente que deseja o casamento, homem e mulher, e para ajudar eu faço a minha parte. Mas não basta apenas isso, é preciso ter fé, fazer orações e confiar em Santo Antônio”.
Yonara Lima, 26, veio de Fortaleza para a festa e só saiu da frente da casa de dona Socorro depois de conseguir uma “lasca” do mastro, outra simpatia tradicional para garantir o casório.
Ela afirma que a vida profissional é a ambição principal nesse momento, mas pontua: “Não custa nada a gente tomar o chá, é de graça, sentar no pau, né? A gente faz a nossa parte e espera um boa companhia pra compartilhar os dias de vida”.
Em determinado momento o céu ganhou imagens projetadas por drone, que formavam símbolos de São João como balões e fogueira. Para a noite a previsão era de apresentações musicais de Fagner, Waldonys, Luiz Fidelis e Forró Tapera, conforme divulgado pela Prefeitura de Barbalha.
Blog do Amaury Alencar o Povo