Iguatu : Mulher que mora no cemitério passa dificuldades e vive de doações

Blog do  Amaury Alencar
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 A mulher por inusitadamente morar dentro do cemitério e cuidar de dezenas de animais abandonados, cães e gatos, enfrenta dificuldades e está vivendo de doações. Maria Trindade da Silva viu sua vida virar pelo avesso desde que perdeu o companheiro há três meses. Francisco de Assis Vieira Sobral faleceu em abril vítima de pneumonia. Apesar das limitações com a saúde (diabetes e alterações no pâncreas) ele ainda trabalhava para sustentar a esposa e os animais, a maioria abandonados e recolhidos pelo casal nas ruas, outros deixados criminosamente por desconhecidos na porta de casa. Francisco de Assis trabalhava no próprio Parque da Saudade fazendo serviços de manutenção, de onde tirava sua renda mensal.

Maria Trindade enfatizou que com a morte do marido minaram os recursos de casa e ela começou a enfrentar privações. “Só não já passei fome porque um casal de anjos, Marcelo e Zélia, do Bugi, me ajudam, mas está muito difícil”. Maria Trindade frisou que também conta com ajudas que recebe da ONG ‘Vira lata de Raça’, do casal Rubens e Valéria, para ela e os animais. “Se não fossem as ajudas dessas pessoas, nem sei como estaria vivendo”, relatou.

Maria Trindade informou que deu entrada no pedido de benefício social junto ao INSS, como ‘pensão por morte’, mas teve o pedido negado pelo órgão. Ela disse que recorreu da decisão, por meio de advogado, mas ainda aguarda a decisão final. “É muito angustiante a espera. Se negarem novamente, não sei o que vai acontecer comigo. Estou sem dinheiro para nada”, afirmou.

Sem chão

Além de cuidar dos animais criados em casa, diariamente ela alimenta outro bando que vive nas ruas. É comum encontrar a voluntária alimentando cães e gatos de rua, muitas vezes tarde da noite. De tão acostumados a serem alimentados por ela, os animais já ficam aguardando a hora em que a voluntária sai de casa levando a comida pronta. Cães e gatos, muitos deles doentes ou com filhotes, acomodam-se em áreas próximas ao local onde Maria reside, um imóvel de três cômodos que fica dentro do Parque da Saudade, com uma porta para a Av. Dr. José Holanda Montenegro.

Por causa das dificuldades financeiras e abalada emocionalmente pela perda irreparável do esposo, Maria Trindade não está conseguindo mais alimentar os animais da rua, algo que ela sempre fez com muito esmero e dedicação. Fica horas a fio cozinhando os alimentos que arrecada em doações, sobras de carne, cereais, pães, que seriam descartados são aproveitados e alimenta diversos bichos. Atualmente, ela não consegue mais fazer como antes. Há dias em que falha e os animais sentem falta.

No momento o casal Marcelo e Zélia, da empresa Bugi Supermercado, encabeça campanha de arrecadação de donativos. Maria Trindade também tenta conseguir um caminhão-baú para fazer sua mudança para o município de São Miguel, Rio Grande do Norte, a 20km do município de Pereiro, onde pretende morar com a única filha. Enquanto esta ajuda não chega, ela divide seu tempo entre os animais que ainda consegue manter e a dor da saudade do companheiro que se foi. “Ele era tudo na minha vida. Fiquei sem chão desde que ele partiu”.


                                                         Jornal A Praça 

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