“Irmã Clemência é a 1ª Serva da Arquidiocese de Fortaleza com processo de beatificação no Vaticano. Aberto ainda por Dom Aloísio Lorscheider, parte diocesana encerrada por Dom José Aparecido Tosi Marques e dado entrada em Roma.
Ela nasceu em Redenção, minha terra Natal, foi batizada lá na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, viveu com seus pais até seus 22 anos, era primogênita (14 filhos do casal Sr. Joaquim e D. Francisca, sua mãe faleceu poucos dias, após nascimento de Maria dos Anjos, última filha do casal que morreu poucas horas após o parto).
A história dela é de amor a Jesus, Virgem Maria, muita oração, dedicação, serviu a Deus através dos pobres, doentes, indigentes, ajudou muitas familias por décadas no Maciço. Fundou junto com mais 02 irmãs, filhas da caridade de São Vicente de Paulo o Patronato em Pacoti, onde ela foi pra lá pra se cuidar já doente, por ter servido mais de uma década cozinhando nos fogões a lenha no Colégio da Imaculada Conceição, onde era interna com as outras freiras. Ao ver a necessidade daquele povo, creio ter encontrado forças nas orações, deixando até de seguir repouso, recomendações médicas, penso eu. Viu ali que os pobres precisavam delas e se dedicaram a eles.
Quando o Patronato fechou, as irmãs foram para Baturité e lá Irmã Clemência passou a atender diariamente no Ambulatório São José, não tinha formação acadêmica, mas era enfermeira nata, fazia curativos, aplicava injeções, cuidava de doenças, feridas, coisas que ninguém queria cuidar, ela já tinha o dom da cura em vida.
E ainda saia pedindo aos comerciantes na feira, vinha a Fortaleza de trem, de pau de arara e pedia o que pudesse levar para distribuir com famílias, com povo, sejam alimentos, medicamentos, material para curativos.
Detalhe, ela era pequena, magrinha, tinha um pé diabético, usava bolsa (colostomizada), e pelo que já li em um livro sobre a vida dela, não reclamava de nada, tinha sempre uma palavra de força, um sorriso nos lábios.
Aos sábados ela visitava os doentes que não podiam vir ao Ambulatório, numa carroça e levava alimentos.
Só ela sabia quando deitava no seu cantinho o cansaço do dia, o que tinha enfrentado pra não deixar de atender a ninguém. Só ela sabia as dores no corpo. Já doentinha, na velhice, teve o pé amputado. E no dia do seu falecimento todos choravam e diziam "morreu a mãe dos pobres", comoção grande em Baturité, vieram muitos carros Pau de Arara para a cidade, todos queriam se despedir dela.
Que um dia possamos estar com vida e saúde para ouvir, ver anunciarem que a Serva de Deus, Irmã Clemência Oliveira subiu ao altar da Santidade.
Que Monsenhor Luiz Rocha, que a levou para o Convento e Dom Aloísio Lorscheider (ambos em memória), que abriu o Processo Canônico dela em Fortaleza roguem por ela. Rezemos por todos, inclusive por Dom Aloísio, que em 08/10/24, celebraremos centenário de seu nascimento. Amém!”
Luzienne Souza