Era 11 de março de 1926 quando o nome de Maria se afixou ao de seu algoz na posteridade. O caso de feminicídio a transformou em santa popular do município de Várzea Alegre, interior do Ceará, mas alterou para sempre a forma como ficou conhecida: “Maria de Bil”.
Da aparência de Maria, não existem registros fotográficos, mas já foi descrita como uma mulher baixa, de cabelos pretos e longos. Quatro anos antes de seu martírio, em 1922, a jovem se casou com Severino Domingos da Silva, o “Bil”, em cerimônia coletiva.
O enlace resultou no nascimento de dois filhos, Nercília e José, e Maria esperava o terceiro quando foi assassinada pelo ex-marido, crime que a transformaria em uma figura conhecida na crença cearense.
Maria de Bil: história de seu martírio
O pivô para o assassinato começou com a recusa de Maria em perdoar Bil. A mulher, grávida da terceira criança, descobriu que o marido a traía com a irmã, Madalena, e passou a rejeitar as ofertas para retomar o relacionamento.
A decisão da ex-mulher foi tratada como uma ofensa por Bil, decidido a espreitar Maria até encontrar um momento oportuno para matá-la.
Enquanto caminhava com duas amigas para entregar o almoço do pai na roça, Maria foi abordada por Bil, que a esfaqueou três vezes no alto do serrote da Charneca, em Várzea Alegre.
No relato popular da época, o homem também teria arrancado as panturrilhas da vítima com a faca e os próprios dentes, além de deixar o corpo de Maria sem roupa. Para alguns, o ato representaria um “pacto” realizado pelo algoz para evitar ser encontrado após o crime.
Outros comentam que Bil virou lobisomem e ronda a serra com os seus gemidos, enquanto a sua ex-mulher, alçada à categoria de santa popular, é lembrada anualmente no mês de março durante a “Caminhada à Capela de Maria de Bil”.