Também empossada, Cleidiane Tremembé é professora há 19 anos na Escola Indígena Brolhos da Terra, situada na terra Tremembé da Barra do Mundaú, em Itapipoca. A história de Cleidiane está entrelaçada à luta pela educação indígena no estado. “Essa conquista foi uma trajetória feita a muitas mãos, cada um com sua sabedoria. Muita gente que nem ler sabia, era analfabeto ao olho do homem branco. Mas nós chegamos aqui. Esse dia histórico é, sobretudo, para dizer que nós podemos, sim. Estamos fazendo e vamos construir uma educação indígena diferenciada, qualificada”, enfatizou Cleidiane.
Educação intercultural
É fundamental assegurar profissionais indígenas em espaços como a escola, por exemplo, para fazer desses lugares uma extensão do que se aprende, também, no chão do terreiro, junto aos saberes ancestrais. É o que aponta a mestra da cultura do Ceará e liderança do Povo Tapeba de Caucaia, a pajé Raimunda Tapeba, 79.
“Eu nasci dentro de uma aldeia que não tinha escola, mas ouvi as histórias dos pajés, caciques, que repassaram a cultura, tradição, ciência. Tudo isso eu aprendi e repasso até hoje nas escolas. Os professores que hoje estão lá ensinam a ler, mas também repassam essas histórias e a cultura. Eu, como pajé, tenho dever de me reunir com professores e alunos. Na escola do branco, eles têm tudo, e agora nós indígenas temos também”, pontua. |