O Sindicato dos Médicos do Ceará lançou, nesta quinta-feira, 04, uma campanha para denunciar a situação de escassez de medicamentos, materiais e insumos essenciais que estaria sendo enfrentada pelo Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza. De acordo com a entidade, os itens em falta incluem, por exemplo, fio de nylon duplo para suturas abdominais, luvas cirúrgicas, dipirona, esparadrapos, fenoterol, beta 2 para tratamento de broncoespasmo, antipsicóticos para agitação, antibióticos, sabão e álcool em gel.
Representantes do sindicato foram aos arredores do hospital para espalhar panfletos que informavam sobre o problema e cobravam soluções das autoridades. Mais tarde, a entidade publicou nas redes sociais imagens que mostravam uma equipe da unidade retirando os cartazes que haviam sido grudados no muro do Instituto. Conforme a denúncia, dificuldades relacionadas com escassez vêm acontecendo desde 2022, e o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) chegou a ser acionado para investigar a questão.
No início do último mês de maio, o MPCE divulgou que foi firmado um acordo com o hospital para que, em três meses, o problema de desabastecimento de medicamentos e insumos fosse resolvido. “O compromisso foi assumido durante audiência realizada nessa quinta-feira (02/05) e conduzida pela promotora de Justiça Ana Cláudia Uchoa, titular da 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, atuante na defesa da saúde pública. Segundo ela, desde 2021, a Promotoria recebe denúncias do Sindicato dos Médicos acerca de desabastecimento de medicamentos no IJF. Além disso, vistoria em novembro de 2023 constatou carência de pessoal, em especial, em todas as áreas da assistência ao paciente. Outra situação verificada foi o afastamento de profissionais para tratar saúde mental”, detalhou o órgão em comunicado à época.
O sindicato afirma que a campanha visa alertar a população sobre o cenário na unidade e defende que a falta contínua desses itens prejudica o tratamento e as cirurgias dos pacientes, bem como provoca desgastes entre os profissionais por não conseguirem exercer suas atividades adequadamente. “Lamentamos que essa situação esteja se prolongando e reforçamos nosso posicionamento de que a ausência de um simples material pode ser fatal na vida de alguém”, pontuou o presidente da entidade, Dr. Max Ventura.
Em novembro de 2022, o Jornal O Estado já havia noticiado a falta de medicamentos e outros insumos básicos no IJF. Naquele momento, os relatos eram de escassez de anti-hipertensivos; bicarbonato; vasopressores, tais como noradrenalina e epinefrina; omeprazol; soro fisiológico; medicação de sedação; medicação de analgesia, entre outros.
À reportagem, a direção do hospital negou que estejam em falta materiais e insumos para a devida assistência aos pacientes. Declarou também que segue “empenhada no avanço da melhoria da qualidade do atendimento à população” e destacou que o quadro de funcionários foi reforçado no último mês com a convocação de novos servidores por meio de concursos públicos para cargos de nível médio e superior, que já estão atendendo os pacientes que chegam de todo o Ceará.
Por Yasmim Rodrigues