A corrida eleitoral pelo comando da Prefeitura de Tauá, no Sertão dos Inhamuns, já está definida. O prazo de formalização das candidaturas, encerrado na segunda-feira (5), deu o tom de que a disputa no município será polarizada, com oposição e situação duelando diretamente pelo Executivo municipal.
De um lado, buscando a reeleição, está a prefeita Patrícia Aguiar (PSD). Em sua companhia estão figuras como o esposo, o ex-deputado estadual Domingos Filho (PSD), e quadros de legendas importantes no Ceará, a exemplo do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Democrático dos Trabalhista (PDT), do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e do Agir.
Do outro lado está o ex-vereador Doutor Edyr (MDB), irmão do deputado estadual Audic Mota (MDB), que se oferece como uma alternativa ao governo atual. Na aliança estão o Progressistas (PP), o União Brasil (União), o Republicanos (REP), e o Partido Renovação Democrática (PRD).
Uma candidatura representada por Murilo Carvalho, do Partido Liberal (PL), numa chapa pura, foi anunciada como uma “terceira via” no Município, para concorrer com os outros projetos políticos já colocados.
Patrícia Aguiar
Advogada, Patrícia vai repetir a majoritária que conquistou o cargo eletivo em 2020, com a médica Fátima Veloso (PSD) na posição de vice-prefeita. A política que está na cabeça da chapa nasceu em Fortaleza, tem 58 anos e concorrerá numa eleição municipal pela quinta vez. Antes de ser eleita para o mandato atual, ela foi conduzida pelo eleitorado em três outras oportunidades, por vencer as disputas de 2000, 2004 e 2012.
Dirigido no Estado pelo ex-deputado Domingos Filho, o PSD foi fundado em 2011 pelo ex-ministro Gilberto Kassab. O firmamento no Ceará, no entanto, se deu em 2012. Desde 2015, a família de Patrícia Aguiar se reveza na direção estadual, mantendo a mesma base política.
Na Alece, o PSD possui três cadeiras. O quantitativo de representantes na Câmara dos Deputados é o mesmo. Segundo um levantamento do Diário do Nordeste em março deste ano, 22 prefeitos e prefeitas cearenses faziam parte do quadro de pessedistas. Para essa eleição, em todo o Brasil, o PSD contará com R$ 420,9 milhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), o Fundo Eleitoral.
Doutor Edyr
Já o Doutor Edyr é médico e foi membro do Parlamento municipal na legislatura 2017–2020. Ele tem 45 anos e também nasceu na Capital cearense. Tentou ser eleito para a gestão do Município em 2020, mas não obteve sucesso, ficando em terceiro lugar. Para outubro, está como vice o vereador Argentino Filho (MDB).
A agremiação de Edyr e Argentino é um dos partidos mais antigos do Brasil. Fundado em 1966, o partido testemunhou de uma série de momentos históricos do país e hoje é presidido no Ceará pelo deputado federal Eunício Oliveira. Com dois parlamentares federais e três deputados estaduais, o MDB é o partido que ocupa a vice-governadoria no Estado.
Treze prefeituras cearenses estão sob a batuta de filiados do MDB. Para o pleito de outubro, R$ 404,6 milhões serão disponibilizados pelo Fundo Eleitoral para a sigla poder investir em campanhas eleitorais em todo o território nacional.
Murilo Carvalho
O PL, por sua vez, apresentou a candidatura do advogado Murilo Carvalho. O postulante é ex-secretário municipal de Esportes, tem 37 anos e é natural da cidade em que irá concorrer. O candidato a vice-prefeito é seu correligionário, o Júnior Sousa (PL).
Em 2020, Murilo chegou a concorrer a uma cadeira na Câmara Municipal, pelo antigo Partido Social Liberal (PSL), mas não obteve o número necessário de votos para ser eleito. O prefeiturável é filho do ex-vereador Manuel Parmênio, presidente municipal do PL em Tauá.
O PL Ceará é comandado pelo deputado estadual Carmelo Neto (PL) e, atualmente, tem apenas o prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves, na lista de chefes de Executivos cearenses. No Legislativo federal 4 deputados são filiados ao partido, enquanto a bancada na Alece é composta por um número semelhante de liberais. Do FEFC, para a eleição desse ano, o Partido Liberal contará com o montante de R$ 886,8 milhões.
Particularidades do Município
A disputa no colégio eleitoral tauaense demonstra uma particularidade, dada a participação de partidos que formam a base do Governo do Estado em lados opostos do páreo. Em Tauá, por exemplo, o PT, apesar de federado, está em um lado oposto ao do PV. Do mesmo modo, o MDB, aliado da gestão estadual, foi para um palanque oposto ao do governador Elmano de Freitas.
Questionado especificamente sobre a desvinculação da federação, o presidente do PV no Ceará, Marcelo Silva afirmou ao Diário do Nordeste que a legenda que comanda é “essencialmente municipalista” e que, considerando isso, dá autonomia para “comissões e diretórios municipais para tomarem as decisões relacionadas aos apoios políticos locais”.
“No caso de Tauá, em virtude da realidade local, o órgão municipal do PV decidiu por divergir da posição tomada pela Federação Brasil da Esperança (FEBRASIL) no que se refere ao apoio à candidatura a prefeito. Essa posição foi analisada pela Comissão Estadual da FEBRASIL e, mediante a impossibilidade de composição com a candidatura do PSD, os filiados do PV foram liberados para apoiar as candidaturas majoritárias que convêm a eles”, frisou o dirigente.
Outra especificidade do pleito na cidade localizada no Sertão dos Inhamuns é a parceria entre PT e PDT na chapa que tentará a reeleição. Os dois estão rompidos no plano estadual desde 2022, devido ao contexto das eleições para o Palácio da Abolição. Entretanto, essa não é uma situação exclusiva de Tauá, já que outros diretórios municipais destes partidos devem formar alianças visando o controle de outras municipalidades no interior do Estado.
Ponto Poder