Não é incomum vermos grandes cidades brasileiras com um elevado número de candidatos a prefeito. Fortaleza, por exemplo, registra nove candidatos. Nos municípios do Interior, o número de políticos nma disputa costuma ser menor. Muitas vezes, são apenas dois candidatos, o da situação e alguém da oposição. Ou até um só candidato, o que se dará em Mucambo e São João do Jaguaribe.
No Ceará, entretanto, um polo regional reúne o maior número de candidaturas depois da Capital. Principal município do Centro-Sul cearense, Iguatu tem seis candidatos a prefeito. Resultado de composições locais e estaduais, que levaram a disputa em partido, caso do PT.
Famílias tradicionais e desunião na oposição
Localizada a 388 km de Fortaleza, Iguatu detém nada menos que seis candidaturas postulantes ao cargo de prefeito. São elas:
- Augusto Correia (Mobiliza)
- Capitão Helder (PL)
- Ilo Neto (PT)
- Rafael Gadelha (PSD)
- Roberto Filho (PSDB)
- Sá Vilarouca (PSB)
Para entender como Iguatu chegou a essa situação, é preciso compreender as particularidades que fizeram com que cada candidatura fosse lançada. Famílias tradicionais da política iguatuense estão por trás de muitos desses nomes, fazendo, por vezes, que os termos oposição e situação ganhem significado particular na eleição do Município.
Mesmo não estando na cadeira de prefeito, nem mesmo sendo fiador do atual gestor, Ednaldo Lavor (PSD), o nome do ex-prefeito e deputado estadual Agenor Neto (MDB) é responsável por boa parte das movimentações eleitorais. Seu candidato é o próprio filho, Ilo Neto, recém-chegado ao Partido dos Trabalhadores.
Outras duas candidaturas fortes se mostram como oposição ao grupo de Agenor, dizendo trabalhar para evitar que o bloco do deputado volte ao poder, definindo o autoritário e centralizador. Houve a expectativa de uma união por esta causa, mas não se chegou a um consenso.
Assim, terminando o segundo mandato, o atual prefeito lançou como candidato da situação o vereador Rafael Gadelha, do mesmo partido. Gadelha está terminando o primeiro mandato na Câmara Municipal e chega à eleição também com apoio do grupo do deputado federal Domingos Neto (PSD) e família. O deputado é filho do ex-vice-governador Domingos Neto (PSD).
Aliado a outra família tradicional da política local, os Sobreira, está o candidato Sá Vilarouca (PSB). Já tendo concorrido ao cargo outras três vezes, o empresário era petista histórico, tendo deixado o PT quando teve o nome preterido para a indicação de Ilo Neto. Sá tem o apoio do deputado estadual Marcos Sobreira (PDT), que, por sua vez, é filho do ex-prefeito e ex-deputado Marcelo Sobreira e da ex-deputada Mirian Sobreira.
Há ainda a candidatura de Roberto Filho (PSDB). Ele é filho do ex-prefeito Roberto Costa, falecido prematuramente nos anos 1990. A candidatura de Roberto mostra-se muito crítica da gestão atual de Ednaldo Lavor.
Outras duas candidaturas de menor expressão completam o quadro que se apresenta em Iguatu, com ambos já tendo disputado o cargo anteriormente. Augusto Correia é candidato pelo Mobiliza, enquanto Capitão Helder concorre pelo PL. No caso de Helder, o candidato a vice é o próprio filho, Dr. Pedro Helder.
Pacajus convive com cassações e mudanças de poder
Também com seis candidaturas, mas com uma considerada inapta pela Justiça Eleitoral, vem o Município de Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), distante 52 quilômetros da Capital. A candidatura inapta é do ex-prefeito Francisco Fagner da Costa, o Faguim (PSB).
Ele e o ex-prefeito Bruno Figueiredo (PDT), de quem era vice, chegaram a ser cassados por nepotismo. De volta ao cargo, em janeiro, Bruno renunciou menos de quatro meses depois, em abril, e anunciou apoio ao ex-vice na luta pela reeleição, mas Faguim foi afastado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE). Tó da Guiomar (Republicanos) foi reconduzido à Prefeitura. Faguim ocupava o cargo de prefeito devido a um mandato de segurança.
A cassação de Bruno e Faguim ocorreu após a abertura de comissão processante na Câmara Municipal de Pacajus para apurar denúncias de cargos comissionados para empregar parentes de gestores públicos cuja prática configura nepotismo.
A nora e uma sobrinha do prefeito Bruno Figueiredo e duas irmãs e um irmão do vice-prefeito foram contratados para trabalhar na Prefeitura. A cassação ocorreu após também de uma polêmica, quando, na época, Bruno passou a exigir "trabalho voluntário" para assegurar o transporte aos universitários.
Tendo assumido o cargo após afastamento de Bruno e Faguim, o atual prefeito Tó da Guiomar busca a reeleição.
Confira as candiaturas de Pacajus, todos com situação regular na Justiça Eleitoral são:
o Povo