Comitê recomenda volta do horário de verão; Lula decidirá

Blog do  Amaury Alencar
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O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou nesta quinta-feira (19) o retorno do horário de verão em 2024, como parte de um plano de contingência para garantir a segurança no fornecimento de energia elétrica no Brasil. A decisão final, entretanto, dependerá da análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que levará em conta tanto aspectos técnicos quanto políticos antes de bater o martelo sobre a medida.

A proposta, apresentada durante reunião extraordinária do CMSE, foi elaborada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), após um pedido formalizado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em ofício datado de 6 de setembro. Caso seja aprovada, a implementação poderá ocorrer entre 30 e 60 dias.

O retorno do horário de verão busca otimizar o uso da energia elétrica, reduzindo o consumo no horário de pico, especialmente em períodos críticos de maior demanda. No entanto, a medida não é consenso. Extinto em 2019 pelo governo Jair Bolsonaro (PL), o horário de verão foi abolido sob a justificativa de que a economia gerada já não era significativa para justificar sua manutenção.
Para o governo atual, a prioridade é assegurar a estabilidade do sistema elétrico nacional, especialmente em regiões mais vulneráveis, como o estado de Roraima, que não está integrado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo o ministro Alexandre Silveira, a recomendação faz parte de um esforço preventivo para garantir a segurança energética do país diante de possíveis picos de demanda e eventuais crises hídricas.

Além de questões técnicas, a discussão sobre o retorno do horário de verão envolve uma série de fatores que afetam o cotidiano da população e a rotina de diversos setores econômicos. O governo já indicou que, antes de uma decisão final, haverá diálogo com representantes da indústria, comércio, serviços e outros segmentos afetados pela mudança.

O impacto do horário de verão sempre foi tema de debate no país. Seus defensores argumentam que a medida permite o uso mais eficiente da luz solar, reduzindo a demanda por eletricidade em horários de maior consumo e resultando em economia para o setor elétrico. Por outro lado, críticos apontam que os benefícios energéticos não são mais tão expressivos como no passado e que a alteração afeta o relógio biológico e a produtividade das pessoas.

Se aprovada, a volta do horário de verão em 2024 poderá ser uma importante estratégia para enfrentar desafios energéticos no curto prazo, especialmente em um cenário de pressão sobre o sistema elétrico. No entanto, o impacto final da medida dependerá de uma série de variáveis, incluindo as condições climáticas e a gestão da geração de energia no país. Enquanto o debate avança, o setor elétrico se mantém em alerta para garantir a continuidade do fornecimento, principalmente nas regiões mais críticas.

Pesquisa
Conforme informou o jornal O Estado, uma pesquisa realizada pelo Reclame AQUI em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revelou que a maioria dos brasileiros apoia o retorno do horário de verão. Com base nas respostas de 3.000 participantes, 54,9% se mostraram favoráveis à mudança no horário, sugerindo que a medida ainda encontra respaldo popular, principalmente nas regiões onde historicamente foi adotada. O estudo apresenta uma margem de erro de dois pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento aponta que, entre os favoráveis, 41,8% são totalmente a favor do adiantamento dos relógios, enquanto 13,1% são parcialmente favoráveis. Apenas 25,8% disseram ser totalmente contrários à medida, com 2,2% parcialmente contrários. A pesquisa também destacou que 16,9% dos entrevistados são indiferentes à questão, demonstrando que a volta do horário de verão não seria uma mudança de impacto negativo para parte da população.

A análise regional mostrou um apoio ainda mais forte nas áreas do Brasil que historicamente adotaram o horário de verão. No Sul, 60,6% dos entrevistados são favoráveis à volta da medida, enquanto no Sudeste esse número chega a 56,1%. Já no Centro-Oeste, a adesão é um pouco menor, com 40,9% de apoio, refletindo uma variação no impacto percebido nas diferentes regiões do país. Edu Neves, CEO do Reclame AQUI, acredita que a crescente aceitação pode estar relacionada a mudanças no comportamento da sociedade. “A percepção do horário de verão pode estar sendo mais positiva devido a uma nova maneira como as pessoas estão organizando suas rotinas e utilizando o tempo livre”, afirmou Neves. Segundo ele, além de potencializar a economia de energia, o horário de verão pode oferecer benefícios para o lazer e para a saúde das pessoas, aspectos que parecem estar influenciando o sentimento popular.

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