Aprovado R$ 3,9 bi para biocombustíveis, o segundo maior valor da história

Blog do  Amaury Alencar
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, entre janeiro e outubro deste ano, R$ 3,9 bilhões em crédito para projetos voltados à produção de biocombustíveis no Brasil. Esse valor representa o segundo maior montante registrado na série histórica do banco, que teve início em 2005, perdendo apenas para o mesmo período de 2010, quando as aprovações somaram R$ 4,5 bilhões durante o segundo mandato do governo Lula (PT).


A quantia expressiva, que inclui operações até 10 de outubro, evidencia um salto significativo em relação ao mesmo período do ano passado, quando os financiamentos para o setor somaram apenas R$ 1,3 bilhão. Os dados, acessados pela reportagem, não consideram a correção pela inflação.

Fundo Clima
De acordo com José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, o expressivo crescimento em 2024 está diretamente relacionado à ampliação dos recursos do Fundo Clima. Em abril deste ano, o BNDES firmou um contrato com a União que garantiu até R$ 10,4 bilhões para o fundo, um aporte recorde desde sua criação, em 2009. O Fundo Clima é um mecanismo de financiamento voltado para projetos que busquem mitigar os efeitos das mudanças climáticas, o que inclui o fomento à produção de biocombustíveis.
“Esse crescimento nas aprovações demonstra o retorno do BNDES ao apoio de uma agenda verde essencial, que é a dos biocombustíveis”, afirmou Gordon. Ele destacou ainda que o aumento do crédito também reflete a política industrial do governo federal e a demanda crescente por biocombustíveis, como o etanol de milho. “O mundo precisa se descarbonizar”, pontuou o diretor.
Com uma política industrial voltada para a sustentabilidade e inovação, o governo federal tem dado suporte ao desenvolvimento do setor de biocombustíveis, que se destaca como uma das principais ferramentas para a transição energética no Brasil. O aumento da demanda global por fontes renováveis e a busca por soluções que reduzam a pegada de carbono impulsionaram a retomada do BNDES no apoio a projetos dessa natureza.
O montante aprovado até o momento indica que o setor de biocombustíveis deve continuar crescendo no Brasil, com mais empresas buscando financiamentos para expandir suas operações e aumentar a produção de combustíveis renováveis, como o etanol de milho e o biodiesel. Ao financiar projetos com foco na sustentabilidade, o BNDES reafirma seu compromisso com a agenda verde e com a transição energética, um movimento que alinha o Brasil às exigências globais de descarbonização. Com os recursos do Fundo Clima ainda disponíveis para novos projetos, a expectativa é que o volume de crédito aprovado pelo BNDES em 2024 continue crescendo, potencialmente superando o recorde de 2010. O desafio, agora, será garantir que esses projetos contribuam efetivamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para o fortalecimento da economia verde no país.

Carro voador
Além disso, o BNDES também aprovou um financiamento de R$ 500 milhões para a Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, com o objetivo de desenvolver e produzir o carro voador elétrico, conhecido como eVTOL (Veículo Elétrico de Decolagem e Aterrissagem Vertical). A empresa pretende instalar uma unidade de produção em Taubaté, no interior de São Paulo, com uma projeção de fabricar até 480 aeronaves por ano.
O financiamento faz parte do Programa BNDES Mais Inovação, que desde 2023 já destinou R$ 8 bilhões para projetos inovadores. O presidente do banco, Aloizio Mercadante, enfatizou o papel estratégico desse tipo de iniciativa para fortalecer a indústria nacional, com foco em alta tecnologia. “A mobilidade aérea é uma dessas frentes de inovação que podem transformar a forma como vivemos e nos deslocamos, usando soluções sustentáveis e tecnológicas”, disse Mercadante.
O primeiro protótipo em escala real do carro voador da Eve foi lançado em julho deste ano e está passando por uma série de testes para avaliar seu desempenho em voo e garantir a segurança da operação. A aeronave, equipada com oito rotores para decolagem e pouso vertical e asas fixas para voo de cruzeiro, utiliza um propulsor elétrico alimentado por motores elétricos duplos. Essa configuração promete uma nova era de mobilidade urbana, com menor impacto ambiental.
Johann Bordais, CEO da Eve, destacou que a unidade em Taubaté será a primeira do gênero no Brasil e operará com energia limpa e renovável. “Nosso objetivo é reimaginar a mobilidade urbana, oferecendo soluções de transporte aéreo eficientes e sustentáveis”, afirmou Bordais.
Com o apoio do BNDES, a Eve se posiciona como uma das líderes no desenvolvimento de veículos aéreos elétricos no Brasil. Além de trazer avanços tecnológicos, o projeto promete gerar novos empregos e movimentar a economia local de Taubaté. A produção em escala desses veículos poderia transformar o cenário da mobilidade urbana em grandes centros, abrindo caminho para um futuro mais sustentável e menos dependente de combustíveis fósseis.

Desafios
Embora o desenvolvimento dos eVTOLs seja uma grande promessa para o futuro, a empresa ainda enfrenta desafios regulatórios e de infraestrutura, já que o conceito de “carros voadores” exige ajustes significativos no tráfego aéreo urbano e na legislação vigente. No entanto, com o apoio de grandes players como o BNDES e a Embraer, a Eve avança no sentido de tornar essa visão uma realidade. A expectativa é de que os primeiros carros voadores entrem em operação comercial na próxima década, revolucionando o transporte nas grandes cidades e diminuindo os congestionamentos em terra, ao mesmo tempo em que oferecem uma alternativa verde e tecnológica para a mobilidade urbana.

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