BNDES anuncia ampliação de crédito para inovação e libera R$ 5,9 bilhões

Blog do  Amaury Alencar
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 5,9 bilhões em empréstimos a grandes empresas entre janeiro e agosto de 2024, com o objetivo de estimular a inovação em setores estratégicos da economia. Esse valor é o maior já registrado pela instituição e representa um marco importante nas políticas de incentivo à inovação no Brasil. As áreas beneficiadas incluem os setores farmacêutico, aeroespacial, tecnologia da informação, automotivo e elétrico, seguindo as diretrizes do plano Nova Indústria Brasil (NIB).

Do total liberado, R$ 4,5 bilhões vieram da linha de crédito BNDES Mais Inovação, superando o volume aprovado nos últimos quatro anos. Em comparação, o montante mais do que dobrou o recorde anterior de R$ 2,9 bilhões, registrado em 2011. Segundo José Luis Gordon, diretor do BNDES, a concessão de empréstimos com juros mais baixos, vinculados à Taxa Referencial (TR), faz parte de uma estratégia para atrair mais investimentos e aumentar a competitividade do país.
“Inovação envolve riscos, especialmente os técnicos e de mercado. Portanto, a oferta de taxas diferenciadas é fundamental”, explicou Gordon. Entre os maiores beneficiários, destacam-se a Embraer, que obteve R$ 500 milhões em empréstimos, e as farmacêuticas Hypera e EMS, cada uma com R$ 500 milhões. Esses recursos têm sido utilizados para projetos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, em áreas como veículos híbridos e elétricos, no caso da Volkswagen, que também recebeu R$ 500 milhões. Os empréstimos são oferecidos com condições vantajosas, como carência de até 48 meses e prazos de amortização que chegam a 144 meses.

Apesar do crédito recorde, alguns especialistas defendem que o Brasil deveria diversificar seus instrumentos de financiamento à inovação. Para Glauco Arbix, professor da USP e ex-presidente do Ipea, o financiamento por empréstimos pode ser limitado quando se trata de inovação tecnológica de maior risco. Ele defende a criação de mecanismos de subvenção econômica, que transfiram recursos diretamente para empresas que enfrentam maiores desafios tecnológicos. “O financiamento não é suficiente para promover inovações de maior impacto. Precisamos focar em áreas estratégicas, como energia, vacinas e inteligência artificial, para que o Brasil se destaque globalmente”, afirmou Arbix.

Por outro lado, Sérgio Lazzarini, pesquisador do Insper, argumenta que é mais importante melhorar a governança dos financiamentos. Para ele, o acompanhamento rigoroso dos resultados e das patentes geradas pelos projetos financiados pode garantir que os recursos sejam alocados de maneira eficiente.
Além dos grandes empreendimentos, o BNDES também ampliou o apoio às micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) em 2024, com a maior liberação de crédito para este segmento desde 1995. As empresas de médio porte receberam R$ 1,4 bilhão, representando 56% do total de empréstimos destinados às MPMEs. Microempresas e pequenas empresas obtiveram R$ 200 milhões e R$ 900 milhões, respectivamente. O crédito subsidiado, segundo especialistas, pode beneficiar o setor produtivo como um todo, mas é necessário diversificar os mecanismos e focar em áreas de alto potencial, como defende Cleveland Prates Teixeira, economista da FGV. “O Brasil precisa garantir que o apoio à inovação alcance empresas menores, que enfrentam desafios ainda maiores para obter esses financiamentos”, concluiu.

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