Na noite desta terça-feira (9), a Dynamic Ped promoveu o primeiro simpósio para falar sobre a Mielomeningocele, uma condição rara que ocorre ainda nas primeiras semanas de gravidez. O objetivo do evento é aumentar a conscientização sobre essa condição e promover a detecção precoce e o tratamento adequado. A diretora da Dynamic Ped, Joseane Oliveira, explica que a ideia de realizar o simpósio surgiu diante do número de pacientes que a clínica atende com esse diagnóstico.
“Na Dynamicped temos um número considerável de pacientes com diagnóstico em todas as fases, mães ainda grávidas; recém-nascidos e crianças em idade escolar já passaram outros diversos por lá, podemos sentir que o nosso trabalho está sendo bem direcionado. Diante do cenário, sentimos que era missão nossa, realizar um movimento que pudesse contar com grandes profissionais da nossa cidade e levar informações a tantas pessoas”, explica Joseane.
A fisioterapeuta neurofuncional e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Dra. Renata Jucá, destaca que o diagnóstico é feito por meio do ultrassom morfológico, onde o médico vai investigar, por meio do ultrassom, os detalhes das crianças. “Eles fazem a medida dos membros, vê se tem todos os órgãos formados, e aí já se descobre, no caso da Mielomeningocele, se a criança tem um defeito no fechamento do tubo neural, que aí fica uma parte das costas abertas e a medula né”, afirma.
Atualmente, a correção da Mielomeningocele já pode ser realizada ainda dentro do útero com a cirurgia intrauterina, entre as semanas de 19 e 26 de gestação. Um dos responsáveis por realizar essa cirurgia aqui no Ceará, o neurocirurgião pediátrico, professor de neurociências e pesquisador, Dr. Eduardo Jucá, destaca que a condição traz sérios agravantes para a criança, pois ela funciona como uma lesão medular, e que a cirurgia fetal pode diminuir esses risco. O médico realizou a primeira cirurgia intrauterina no estado em 2019.
“Ela funciona como uma lesão medular da medula espinhal então sobretudo movimentação das pernas controle da bexiga da função urinária e também, ela traz o risco de hidrocefalia que é o acúmulo de líquido no cérebro e então esses são os principais riscos e que são reduzidos com o tratamento fetal”, destaca Dr. Eduardo.
Jéssica é mãe de um menino de quase 3 anos e descobriu a mielomeningocele com 12 meses de gestação. A partir do diagnóstico, ela buscou saber mais sobre a condição e descobriu a cirurgia intrauterina. Segundo ela, o diagnóstico precoce ajudou para que seu pequeno não tivesse tantas sequelas.
“O diagnóstico precoce fez com que a gente conseguisse fazer essa cirurgia intrauterina e a diferença é das sequelas, né? Do quadro motor, inclusive numa cirurgia intrauterina ou uma cirurgia pós, é totalmente diferente. Então, se a criança não fizer cirurgia intrauterina, a chance de se agravar o quadro e ter mais sequelas é muito maior. Então, para a gente, foi muito importante a gente ter conseguido esse diagnóstico previamente”, destaca Jéssica.
Por Dalila Lima