O porto seco de Quixeramobim, a 212,5 quilômetros de Fortaleza, iniciou os trabalhos de topografia que antecedem a terraplanagem na semana passada. O empreendimento da americana Value Global Group tem investimento de R$ 625 milhões e prevê o início das fundações ainda para este ano.
É o que afirmou ao O POVO Afrânio Feitosa, secretário de Desenvolvimento Econômico do Município. Idealizado de olho principalmente na operação da Ferrovia Transnordestina, o projeto reúne estruturas de carga e descarga para diversos setores produtivos.
A expectativa é de que já em 2026 esteja em operação, com faturamento anual de R$ 2,5 milhões, antecedendo a operação da ferrovia que conecta o Piauí ao Porto do Pecém - prevista para 2027.
“Esse trabalho marca definitivamente o início das obras desse importante equipamento que será construído em uma área de 360 hectares e contará com usina solar, área de grãos, área de tancagem, heliponto, área de contêineres, área de minérios, área administrativa, serviços e área portuária”, publicou o secretário municipal Afrânio Feitosa (Desenvolvimento Econômico) nas redes sociais.
Porto seco já possui 12 pré-contratos assinados
Ao O POVO, ele afirmou que 12 pré-contratos já foram assinados por empresas interessadas no porto seco com a Value e o Município. Apenas a Vibra (antiga BR Distribuidora) é conhecida desse grupo. Os demais são mantidos em sigilo, respeitando a confidencialidade do acordo.
Representantes da empresa de combustíveis, inclusive, devem visitar novamente a cidade entre os dias 21 e 25 de outubro, segundo ele. Outras três distribuidoras, de porte regional, também já procuraram o Quixeramobim para tratar do porto.
“Estamos numa localização privilegiada. Estamos a 250 quilômetros de qualquer divisa: Piauí, Maranhão e Pernambuco. O projeto de Itataia, por exemplo, se quiserem exportar pelo Porto do Pecém, a carga estará a aproximadamente 190 km a 200 km. Para Quixeramobim está a apenas 90km”, ressaltou.
Outra vantagem econômica, diz ele, é que a cidade já movimenta cargas suficientes para justificar a operação de um porto seco. Nas contas da SDE municipal são mais de 250 milhões de quilos de grãos e toneladas de calcário e outras rochas ornamentais, além de metais semipreciosos.
Na lista de pré-contratos assinados, adianta o secretário, estão players do setor de minérios, como calcário e fosfato, além de fertilizantes.
Transnordestina e parceria com o governo do Estado
Feitosa conta que o interesse da Value é iniciar a operação com um terminal multimodal até obter todas as licenças que legalizem a operação do empreendimento como porto seco. O principal objetivo, revela, é ter nas instalações de Quixeramobim o ponto de parada da Transnordestina.
Para tal, ele disse contar com a parceria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará, via a secretaria executiva da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação. Ele atribuiu os contatos com mais players interessados em atuar no porto seco, de olho na Transnordestina, à ajuda estadual.
“Nós fizemos um diagnóstico do porquê queremos este porto seco. Entregamos dentro da SDE e isso facilitou muito nossa comunicação com mais empresas, mostrando o potencial econômico de Quixeramobim. Temos a maior bacia leiteira e estrategicamente bem localizado”, afirmou.
Trâmites para o porto seco
Ricardo Azevedo, CEO da Value Global Group, empresa responsável pelo processo de construção e operação do porto seco, já explicou ao O POVO o processo de transformação do terminal em porto seco.
De acordo com ele, é preciso iniciar a operação como multimodal e multipropósito, o que significa operar diversos tipos de carga no espaço - a exemplo de um porto marítimo. Só depois é dada a entrada na Receita Federal para o processo aduaneiro.
Autorizado, o porto seco conta com benefícios fiscais. Os regimes admitidos pela Receita incluem armazenamento de cargas para importação ou exportação, suspensão de tributos sobre essas mercadorias e até isenção ou suspensão de tributos de bens importados para fabricação de itens futuramente exportados.
No Nordeste, apenas Bahia e Pernambuco contam com portos secos. O País como um todo conta com menos de 30 equipamentos do tipo, os quais, diz o secretário de Quixeramobim, são dominados por cinco empresas.
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