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No dia alusivo à Consciência Negra, um marco importante para a preservação da memória cultural e histórica de Assaré foi realizado no distrito de Genezaré. A antiga Fazenda Inficado, um dos maiores patrimônios históricos do município, foi palco de uma missa celebrada pelo vigário da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, padre José Ricardo. O evento reuniu um grande público, incluindo autoridades municipais, vereadores e moradores, todos movidos pelo desejo de conhecer e valorizar a essência do velho casarão.
A Fazenda Inficado, construída na segunda metade do século XIX, pertenceu a Gonçalo Batista Vieira, o Barão de Aquiraz, uma figura de destaque no cenário político do Ceará Imperial. O imponente casarão, com sua arquitetura sólida e inúmeros cômodos, ainda preserva uma capela anexa que evidencia sua grandiosidade histórica. No entanto, o estado de abandono e degradação da propriedade tem gerado preocupação, demandando ações urgentes para evitar que o patrimônio se perca com o tempo.
Durante o evento, o prefeito de Assaré, Libório Leite, ressaltou a importância de ações como essa para resgatar a memória e dar novos significados a espaços históricos. “O Casarão do Inficado é parte viva da história de Assaré e do Ceará. Nosso compromisso é trabalhar para viabilizar sua recuperação e preservação, trazendo à tona um espaço de valorização cultural e educação para as novas gerações”, declarou o gestor municipal, que também se comprometeu a buscar apoio para a restauração do casarão.
O padre José Ricardo, que celebrou a missa, também destacou a relevância do evento. “Celebrar aqui, neste local histórico, especialmente no Dia da Consciência Negra, é um ato de fé e reflexão sobre nossa história, tanto pelos desafios que enfrentamos quanto pela riqueza cultural que precisamos preservar. Esta capela e esta casa carregam memórias que devem ser valorizadas e respeitadas por todos nós”, afirmou o religioso.
Além do valor arquitetônico, a Fazenda Inficado também é envolvida por lendas e histórias que fascinam e intrigam os moradores da região. Uma das mais conhecidas é a de que o Barão do Inficado teria cometido atos de crueldade em vida, incluindo o episódio em que, segundo relatos, teria lançado um desafeto com uma pedra amarrada ao corpo no açude próximo à casa. Esse evento foi registrado no jornal A Constituição em 1882, gerando grande repercussão na época.
Apesar de seu estado atual de abandono, o evento realizado no Dia da Consciência Negra reacendeu a chama da preservação histórica. A comunidade de Assaré espera que iniciativas como essa sejam o ponto de partida para que o velho casarão do Barão de Aquiraz volte a ter o reconhecimento e os cuidados que merece.