Profissionais trabalham no robô Da Vinci. Foto: Divulgação |
Com o uso de plataforma robótica Da Vinci Surgical System, reconhecida como a maior na medicina internacional, o Instituto do Câncer do Ceará (ICC), por meio do Hospital Haroldo Juaçaba, realizou, no último mês de outubro, a primeira cirurgia robótica do Sistema Único de Saúde (SUS) das regiões Norte e Nordeste. O feito inédito mostra um compromisso com a inovação médica e busca oferecer tratamentos de ponta para os pacientes, democratizando o acesso a procedimentos mais eficazes e menos invasivos.
Na estreia da plataforma de cirurgia robótica, o paciente Antônio Braga, de 70 anos, natural de Fortaleza e diagnosticado com câncer de próstata, foi o primeiro a ser submetido à técnica no ICC. “Foi tudo muito rápido. Já estou indo para casa e feliz da vida”, comemorou o paciente, que recebeu alta logo no dia seguinte à cirurgia.
Em entrevista, o coordenador do Programa de Cirurgia Robótica do ICC, Dr. Emanuel Veras, explicou o processo necessário para poder adquirir a ferramenta cirúrgica e contemplar, de forma pioneira, o Sistema Único de Saúde.
“No Brasil, a cirurgia robótica está presente há mais de 15 anos, porém, a grande maioria das plataformas robóticas estão presentes em hospitais privados. A cirurgia robótica ainda não é contemplada nem pela rede suplementar de saúde, pelos planos de saúde, e também não está no “hall” do SUS, daí a dificuldade de ofertarmos essas cirurgias aos pacientes no âmbito do Sistema Único de Saúde. O robô foi proporcionado através de um projeto de pesquisa que foi submetido ao Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica. O projeto foi aprovado em primeiro lugar nacional e, a partir daí, tivemos a capacidade de levantar a parte financeira e poder adquirir o robô. Estamos estruturando o programa do ICC e proporcionando essa cirurgia robótica no âmbito do SUS, sendo o primeiro hospital a fazer isso“, ressaltou.
Além da inovação tecnológica, o Programa de Cirurgia Robótica do ICC visa capacitar equipes médicas e multidisciplinares, além de promover o avanço da prática cirúrgica minimamente invasiva.
“A cirurgia robótica nos proporciona uma visão tridimensional ampliada de alta definição. As pinças robóticas são pinças articuladas que mimetizam o punho humano e nos dá movimentos mais precisos, por conta do filtro de tremor. Com isso, conseguimos acessar áreas mais estreitas, mais anguladas, ter uma melhor definição dos tecidos, ter uma maior precisão na dissecção desses tecidos, causando menos trauma tecidual e gerando menos sangramento. Isso tudo proporciona uma melhor recuperação cirúrgica para os pacientes”, apontou Dr. Veras.
O equipamento também será utilizado em uma ampla gama de procedimentos, incluindo cirurgias urológicas, como tratamento de câncer de rim e bexiga, além de cirurgias ginecológicas, torácicas, de cabeça e pescoço, e abdominais. Com essa iniciativa, o ICC não apenas eleva o padrão de atendimento médico na região, mas também se consolida como um centro de excelência em ensino e pesquisa.
Fonte: Opinião CE