O grupo Habitação, que registrou alta de 1,49% em outubro, foi o principal impulsionador da inflação do mês no Ceará, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento foi significativamente influenciado pela elevação na tarifa de energia elétrica residencial, que subiu 3,70% com a adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 2, adicionando R$7,877 a cada 100 kWh consumidos desde 1º de outubro. Esse ajuste impactou fortemente o orçamento das famílias e elevou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em um contexto de elevação nos custos básicos.
Além de Habitação, outros oito grupos de produtos e serviços contribuíram para o índice, embora em menor escala. Entre eles, destacaram-se Artigos de residência (0,75%), Despesas pessoais (0,71%) e Vestuário (0,65%). No lado oposto, Transportes foi o único a apresentar deflação (-0,43%), ajudado pela redução de preços em ônibus urbano (-5,67%), passagem aérea (-4,55%) e transporte por aplicativo (-4,54%), refletindo gratuidades eleitorais em algumas localidades e variações sazonais.
O grupo Alimentação e bebidas teve alta de 0,45% em outubro. Em alimentação no domicílio, a variação subiu para 0,43% frente a 0,24% em setembro, com destaque para o aumento de 4,76% nas carnes. Cortes como acém (8,83%), chã de dentro (6,23%) e picanha (6,17%) registraram os maiores avanços. Entre os hortifrútis, o tomate subiu expressivos 20,98%, enquanto o café moído aumentou 4,49%. No entanto, alguns produtos compensaram a alta, como a manga (-28,05%), a cebola (-25,33%) e a cenoura (-4,88%), aliviando parte da pressão sobre a alimentação.
A alimentação fora do domicílio avançou 0,52%, superando os 0,21% de setembro, principalmente pelo aumento em itens como lanche, que saiu de uma deflação de -0,06% para uma alta de 1,18%, e refrigerantes e água mineral, que aceleraram de 0,49% para 0,69%.
Apesar do cenário inflacionário, o grupo Transportes apresentou deflação de -0,43%, com destaque para as quedas em ônibus urbano, passagem aérea e transporte por aplicativo, que contribuíram para aliviar o IPCA. Combustíveis, item sensível no orçamento das famílias, também tiveram impacto: a gasolina caiu -1,44%, enquanto o óleo diesel e o gás veicular subiram 0,91% e 2,80%, respectivamente.
No setor de Saúde e cuidados pessoais (0,37%), o aumento de 0,53% no subitem plano de saúde foi influenciado por reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Em um mês marcado pelo aumento de preços em categorias essenciais, a alta na energia elétrica e nos alimentos tem pressionado o orçamento familiar, refletindo as variações sazonais e a influência de políticas tarifárias que afetam diretamente o custo de vida”, avaliou o economista Helder Cavalcante.