Da produção ao descarte, a vida útil de um produto passa por uma série de etapas. Após o consumo, muitas vezes, há o descarte incorreto – o que gera entupimentos em esgotos e poluição do meio ambiente de forma geral. Para contornar o problema crescente, que é incentivado pelo consumismo em massa, projetos se voltam à reciclagem dos produtos, o que diminui a quantidade dos resíduos e contribui para a reutilização da matéria-prima. Em Juazeiro, a rede pública de ensino municipal foca na consciência para mudar o planeta.
Através do Sispea, tecnologia social utilizada, plataforma do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Fundação Escola de Educação Ambiental Monsenhor Murilo de Sá Barreto leva às escolas da rede pública municipal de ensino a importância da reciclagem dos resíduos, do reflorestamento e dos cuidados com o meio ambiente. Isso é possível graças a uma equipe formada por professores que, na atuação do Núcleo de Educação Ambiental (NEA), se baseia na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para propagar a ideia de que, desde cedo, é possível cuidar do meio ambiente.
O reconhecimento pelo trabalho vai longe: com o projeto “Coleta seletiva e movimento regenerativo: tempo de plantar”, a entidade foi reconhecida com o Selo TCE Ceará Sustentável. A professora Tânia Pinheiro, diretora da Escola de Educação Ambiental, explica que a atuação alcança mais de 90 escolas da rede. Entre as ações desenvolvidas, está o Dia D da Coleta, em que é trabalhado, junto aos alunos, tudo o que a escola mais produz: plástico, PET, papel e até óleo de cozinha.
A professora ressalta que uma gota deste produto contamina até 25 litros de água. “A gente trabalha muito para esclarecer e informar aos nossos estudantes, que é importante que esse óleo seja descartado corretamente. Ele não pode ser depositado nem em terrenos, como no quintal, descartado sobre o solo, nem deve ser depositado diretamente no ralo da pia – não só porque ele vai entupir as tubulações, mas porque ele é um grande contaminante ambiental”, explica, ao dizer que, na educação infantil, os professores esclarecem e informam, e que, no Fundamental I e II, há o aprofundamento sobre o tema.
Desta forma, os alunos são incentivados a coletarem o óleo de cozinha utilizado nas residências deles para que sejam levados à escola e entregues a catadores e associações regularmente cadastradas. Há, inclusive, um quadro permanente que eles monitoram o óleo coletado, que tende a ser aprimorado no ano de 2025. Já outros materiais, como garrafas PET, papéis, etc, são trabalhados na própria escola, de forma lúdica, com a criação de brinquedos e outros produtos.
“A gente espera que haja uma sensibilização. A gente costuma dizer que a mudança de comportamento pede primeiro o entendimento. Ele conhece as razões daquilo; depois, a partir do conhecimento, ele vai desenvolver o senso de responsabilidade; e aí, vem a vontade de fazer diferente”, enfatiza Tânia, que é bióloga por formação e acredita que, à medida que o trabalho é desenvolvido, a contribuição de cada um, as pequenas mudanças de conduta, por menores que pareçam, contribuem para o impacto em escala local.
Jornal do Cariri