PSOL afirma independência sobre governo Evandro e diz não pleitear cargos na nova gestão

Blog do  Amaury Alencar
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O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) divulgou um carta aberta dirigida ao “povo de Fortaleza” em que se posiciona em relação ao novo governo do prefeito eleito Evandro Leitão (PT). O documento é assinado por diversas correntes e coletivos internos do PSOL, além de filiados que incluem os dois vereadores reeleitos pela legenda Adriana Gerônimo e Gabriel Aguiar mais o deputado estadual Renato Roseno.

No texto, o PSOL ressalta a oposição ao campo da extrema-direita, lembrando que na eleição na Capital cearense ficou ao lado do então candidato do PT no segundo turno, contra o candidato bolsonarista André Fernandes (PL), mas reforça que manterá uma posição independente e não pleiteia cargos na nova gestão.

Na Carta, a sigla destaca que vai pressionar a nova gestão do município para que implemente as propostas de campanha e critica medidas do governo do também petista Elmano de Freitas no Estado, que apoiou na eleição de 2022.

“Empossado no Palácio da Abolição, (Elmano) adota medidas contra os professores e a educação, vide a greve das universidades estaduais e campanha salarial dos professores da rede básica e o retrocesso ambiental buscando liberar o uso de drones para pulverização aérea de agrotóxicos. Dessa forma, em vez de combate à extrema-direita terminam por atacar a classe trabalhadora que ajudou a elegê-los, retirando seus direitos”, diz o texto.

E segue: “É por isso que o PSOL segue reafirmando sua decisão de defender estes governos de qualquer ataque da extrema-direita, mas mantém sua autonomia política para mobilizar a população contra medidas erráticas. Devido a isso, nosso partido não pleiteia e nem ocupa cargos nestes governos. Quem o fizer por motivação individual, deve afastar-se de seus postos no interior do PSOL, conforme resolução do Diretório Nacional”.

Apesar do que diz a Carta, a Secretaria da Juventude do Estado do Ceará é atualmente comandada por Adelita Monteiro, que é filiada ao PSOL. Na eleição de 2022, ela desistiu da candidatura ao Governo do Estado e passou a apoiar o então candidato Elmano de Freitas. Em seguida, tornou-se secretária no governo do petista.

Ainda na Carta, o PSOL critica a aliança eleitoral do PT com “partidos e figuras burguesas de direita” e reafirma a posição de independência dizendo que seus parlamentares poderão votar contra o novo governo “sempre que se fizer necessário”.

“O que nos move não é a corrida para ocupação de secretarias e outros cargos em escalões inferiores da administração pública, típicas da velha política patrimonialista. Nossa bancada reeleita não vacilará em fazer o combate unitário contra a bancada bolsonarista, fazendo a defesa das medidas progressivas que a gestão capitaneada por Evandro Leitão apresentar, ao tempo em que resguardamos nossa completa independência política para defender as causas populares, o meio ambiente e os interesse das camadas subalternizadas da sociedade, votando contra esse mesmo governo sempre que se fizer necessário”, finaliza o texto.

Confira abaixo a íntegra do documento Carta ao povo de Fortaleza, do PSOL.

Ao Diretório Municipal do PSOL Fortaleza

Ao conjunto da militância, filiados e amigos do PSOL

Carta ao povo de Fortaleza

Fortaleza foi palco de uma acirrada disputa eleitoral, das mais apertadas em todo o país. Por pouco mais de 10 mil votos, uma ampla coalizão política e social logrou eleger o candidato Evandro Leitão (PT), derrotando no segundo turno da eleição municipal o candidato bolsonarista André Fernandes (PL) – apoiado pelo Capitão Wagner (União), Roberto Cláudio, Sarto e Ciro (PDT).

O PSOL foi parte dessa vitória. Nos dedicamos com firmeza e fizemos campanha aguerrida no segundo turno para garantir a eleição de Evandro Leitão (PT). Fizemos isso por termos a convicção que não haveria nada pior para a classe trabalhadora e para o povo de Fortaleza que a extrema-direita e o fascismo administrando nossa cidade. Era, e é, urgente derrotar a extrema-direita nas urnas, nas ruas e nas mentes e corações de nosso povo que foi envenenado pelas mentiras da extrema-direita.

O PSOL não fugiu à sua responsabilidade, tendo sua militância, relevantes quadros políticos e seus parlamentares (nosso deputado estadual Renato Roseno e nossos vereadores Gabriel Biologia e Adriana Gerônimo) se dedicado incansavelmente para virar a vantagem do candidato bolsonarista no segundo turno. Pois do que se tratava era impedir a vitória dos responsáveis pela tentativa do golpe de 8 de janeiro de 2022 e por todas as ações anteriores que visaram interromper a normalidade do rito sucessório, com o quebra-quebra em Brasília, às vésperas da diplomação da chapa eleita, e com o planejamento dos assassinatos do presidente Lula, seu vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

SEGUIR COM A TAREFA CENTRAL DE DERROTAR A EXTREMA DIREITA

Nosso partido mobilizará a sociedade para que Evandro prefeito, de fato, implemente as propostas pelas quais a maioria da população o elegeu. A situação política é cada vez mais desfavorável para classe trabalhadora, mulheres, indígenas, negritude, comunidade LGBTQIA+ e movimentos sociais. A classe trabalhadora vive hoje um aumento da jornada de trabalho e os salários não crescem conforme o custo de vida. Temos uma luta em curso do fim da jornada 6×1, na qual uma parte relevante da classe trabalhadora vem defendendo e nosso partido é linha de frente. A extrema direita, fortalecida com o resultado eleitoral, inclusive crescendo no Nordeste, busca emparedar o governo Lula para levá-lo a uma situação de ingovernabilidade. Nesse cenário, propostas como o pacote fiscal que retrocede em direitos e arrocha as condições de vida do povo trabalhador, é um grave erro e dificulta nosso combate à extrema direita.

Assim como medidas do governador Elmano de Freitas (PT), que corretamente ajudamos a eleger contra a extrema direita, mas empossado no Palácio da Abolição, adota medidas contra os professores e a educação, vide a greve das universidades estaduais e campanha salarial dos professores da rede básica e o retrocesso ambiental buscando liberar o uso de drones para pulverização aérea de agrotóxicos. Dessa forma, em vez de combate à extrema-direita terminam por atacar a classe trabalhadora que ajudou a elegê-los, retirando seus direitos.

É por isso que o PSOL segue reafirmando sua decisão de defender estes governos de qualquer ataque da extrema-direita, mas mantém sua autonomia política para mobilizar a população contra medidas erráticas. Devido a isso, nosso partido não pleiteia e nem ocupa cargos nestes governos. Quem o fizer por motivação individual, deve afastar-se de seus postos no interior do PSOL, conforme resolução do Diretório Nacional.

Além disso, a candidatura de Evandro representou uma articulação eleitoral que incorporou partidos e figuras burguesas de direita. Por isso, essa composição política representa também a força da máquina e do poder econômico das elites, apesar de ter ampla base de trabalhadores e trabalhadoras que a apoiam por enxergar nela a alternativa viável para frear o avanço da extrema direita bolsonarista. Por isso o PSOL deve ter ainda mais protagonismo na afirmação de um programa que esteja comprometido com os interesses da classe trabalhadora, pois o que nos move não é a corrida para ocupação de secretarias e outros cargos em escalões inferiores da administração pública, típicas da velha política patrimonialista.

Por outro lado, também é fundamental a independência para fazer ecoar as lutas e resistências do povo organizado, em defesa dos seus direitos.

Entendemos ainda que é fundamental o amplo debate nas instâncias do partido, bases populares organizadas, figuras públicas e parlamentares sobre os desafios colocados para o próximo período em Fortaleza.

Diante disso, os coletivos e filiados do PSOL signatários desta Carta reafirmam a continuidade da luta pela conquista dos objetivos imediatos e históricos, acumulados em nossa experiência partidária e na luta com os movimentos sociais. Nossa bancada reeleita não vacilará em fazer o combate unitário contra a bancada bolsonarista, fazendo a defesa das medidas progressivas que a gestão capitaneada por Evandro Leitão apresentar, ao tempo em que resguardamos nossa completa independência política para defender as causas populares, o meio ambiente e os interesse das camadas subalternizadas da sociedade, votando contra esse mesmo governo sempre que se fizer necessário.

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