NOVO VENERÁVEL: VATICANO RECONHECE VIRTUDES HEROICAS DE PADRE IBIAPINA

 

O Vaticano reconheceu as virtudes heroicas do Servo de Deus padre Ibiapina. Nesta segunda-feira, 31, o Dicastério para as Causas dos Santos promulgou, com autorização do Papa Francisco, um decreto que concede o título de Venerável ao “Apóstolo do Nordeste”.

Com isso, a causa de padre Ibiapina dá mais um passo. O próximo é a beatificação, que depende do reconhecimento de um milagre realizado pela intercessão do sacerdote.

O reitor do Santuário Padre Ibiapina, localizado na Diocese de Guarabira (PB), padre Demétrio Pereira de Morais, expressou alegria com o reconhecimento da venerabilidade do “Apóstolo do Nordeste”. Ele descreveu o padre Ibiapina como “um homem à frente de seu tempo” e “de profunda espiritualidade, enraizada na Sagrada Escritura e no seu amor a Jesus na Eucaristia”.

“O Nordeste está em festa”, acrescentou, pois o padre Ibiapina, “por onde passou, deixou um rastro de caridade”.

Novos santos e beato

A Igreja também ganhará três novos santos e um beato. O decreto reconhece os martírios de Choukrallah Maloyan, bispo de Mardin dos Armênios nascido na Turquia e morto em 1915 durante o genocídio armênio, e Pedro To Rot, leigo da ilha de Rakunai-Rabaul, na atual Papua-Nova Guiné, que foi catequista e continuou seu apostolado apesar da proibição imposta pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. To Rot se tornará o primeiro santo de Papua-Nova Guiné.

Além disso, o decreto assinala os milagres realizados pela intercessão da Beata Maria do Monte Carmelo, religiosa fundadora das Servas de Jesus da Venezuela e que se tornará a primeira santa do país, e do Venerável Carmelo De Palma, sacerdote diocesano que exerceu seu ministério na Puglia entre o final do século XIX e o século XX.

Trajetória do Padre Ibiapina

José Antônio Pereira Ibiapina nasceu em Sobral (CE), em 5 de agosto de 1806. Quando completou 10 anos, mudou-se com a família para a vila de Icó. Devido às dificuldades financeiras enfrentadas pelos pais, hospedou-se na casa do padre Antônio Manuel de Sousa, que se ocupou de sua educação religiosa.

Ibiapina ingressou no seminário de Olinda em 1823, mas, consciente da fragilidade da justiça e da política de sua região, o deixou para iniciar os estudos de direito. Em 1828, ingressou no curso Jurídico, finalizando os estudos em 1832. Em 1834, foi eleito deputado.

Após sua legislatura, dedicou-se à advocacia, mas não era isso que realmente satisfazia a inquietude de seu espírito. Ibiapina então decidiu seguir o sacerdócio, sendo ordenado em 1853. Na sequência, iniciou uma vida de peregrinação pelo interior de todo o Nordeste, movimentando-se do Piauí a Pernambuco, por diversos vilarejos, fundando colégios, hospitais, capelas, igrejas, cemitérios e até açudes.

A principal marca do padre Ibiapina foram as chamadas Casas de Caridade, que começaram a surgir na epidemia de cólera que se alastrou por Pernambuco e prestavam atendimento de saúde aos doentes mais pobres. O sacerdote fundou 22 Casas de Caridade, sendo a maior edificada em Santa Fé, Solânea (PB), na qual passou os últimos sete anos de sua vida, até falecer em 19 de fevereiro de 1883.

                                                        Sobral de Prima