No Ceará, mulheres recebem 11,37% a menos que homens

Blog do  Amaury Alencar
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A desigualdade salarial entre homens e mulheres segue como um dos principais desafios do mercado de trabalho, mesmo em setores formais e altamente estruturados. No Ceará, embora a diferença média entre os rendimentos de homens e mulheres seja menor que a média nacional, ela ainda persiste: as mulheres cearenses recebem, em média, R$ 2.764,64, enquanto os homens ganham R$ 3.079,17, uma diferença de 11,37%. Quando se observa o recorte racial, o cenário mostra nuances importantes.

As mulheres negras no estado recebem, em média, R$ 2.567,42, valor inferior tanto ao das mulheres brancas quanto ao dos homens negros, cuja média salarial é de R$ 2.837,87. Os dados fazem parte do 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade Salarial, divulgado nesta segunda-feira (7/04) pelos ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego (MTE), com base em informações de 1.530 estabelecimentos cearenses com mais de 100 empregados, um universo que abrange mais de 590 mil vínculos formais. A remuneração média no estado, considerando homens e mulheres, é de R$ 2.954,83, ainda abaixo da média nacional e reveladora das disparidades que afetam, sobretudo, mulheres negras.

Nacional
Em escala nacional, a diferença entre salários de homens e mulheres em 2024 chegou a 20,9%, praticamente estável em relação aos dois anos anteriores, 20,7% em 2023 e 19,4% em 2022. Os homens brasileiros ganharam, em média, R$ 4.745,53, enquanto as mulheres receberam R$ 3.755,01. Para mulheres negras, o valor cai ainda mais: R$ 2.864,39, uma diferença de 52,5% em relação aos homens brancos.

A desigualdade se acentua nos cargos de liderança. Nos postos de alta gestão, como diretorias e gerências, as mulheres recebem 26,8% a menos que seus colegas homens. Quando se observa apenas profissionais com nível superior, a diferença cresce ainda mais: mulheres diplomadas ganham, em média, 31,5% menos que homens com a mesma formação.

A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, afirmou que as disparidades são reflexo de desigualdades estruturais que ainda moldam o mercado de trabalho. “Desde a responsabilidade das mulheres pelo trabalho do cuidado à mentalidade de cada empresa, tudo precisa mudar. Só haverá verdadeiro crescimento econômico quando mais mulheres forem valorizadas e ocuparem seu espaço com igualdade”, declarou.


Apesar do cenário preocupante, o relatório também traz sinais positivos. Houve crescimento na participação das mulheres negras no mercado de trabalho formal: de 3,2 milhões em 2023 para 3,8 milhões em 2024. Além disso, aumentou o número de estabelecimentos onde a diferença salarial entre homens e mulheres está abaixo de 5%, um sinal de que políticas de equidade começam a surtir efeito em determinados setores e regiões.

Entre os estados com menor desigualdade salarial estão Acre, Santa Catarina, Paraná, Amapá, São Paulo e o Distrito Federal. Para a advogada Mara Gonçalves, “essa realidade compromete o pleno aproveitamento do potencial produtivo e de consumo de grande parte da população, gerando ineficiências no mercado de trabalho e limitando o crescimento econômico sustentável e inclusivo. Superar essas disparidades é, portanto, não apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia essencial para o desenvolvimento regional”.